quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Texto e interpretação: A carta

Esta outra história é de dois namorados, ele chamado Haroldo e ela, por coincidência, Marta. Os dois brigaram feio, e Marta escreveu uma carta para Haroldo, rompendo definitivamente o namoro e ainda dizendo uma verdade que ele precisava ouvir. Ou, no caso, ler. Mas Marta se arrependeu do que tinha escrito e no dia seguinte fez plantão na calçada em frente do edifício de Haroldo, esperando o carteiro. Precisava interceptar a carta de qualquer jeito. Quando o carteiro apareceu, Marta fingiu que estava chegando ao edifício e perguntou:
- Alguma coisa para o 702? Eu levo.
Mas não tinha nada para o 702.
No dia seguinte tinha, mas não a carta de Marta.
No terceiro dia, o carteiro desconfiou, hesitou em entregar a correspondência a Marta, que foi obrigada a fazer uma encenação dramática. Não era do 702. Era a autora de uma carta para o 702. E queria a carta de volta. Precisava daquela carta. Era importantíssimo ter aquela carta. Não podia dizer por quê. Afinal, a carta era dela mesma, devia ter o direito de recuperá-la quando quisesse! O carteiro disse que o que ela estava querendo fazer era crime federal, mas mesmo assim olhou os envelopes do 702 para ver se entre eles estava a carta. Não estava. No dia seguinte – quando Marta ficou sabendo que o carteiro se chamava Jessé e, apesar de tão jovem, já era viúvo, além de colorado – também não.
No outro dia também não, e o carteiro convidou Marta para, quem sabe, um chope. Na manhã depois do chope, a carta ainda não tinha chegado a Marta e Jessé combinaram ir ver Titanic juntos.
No dia seguinte – nem sinal da carta – Jessé perguntou se Marta não queria conhecer sua casa. Era uma casa pobre, morava com a mãe, mas, se ela não se importasse... Marta disse que ia pensar.
No dia seguinte, chegou a carta. Jessé deu a carta a Marta. Ela ficou olhando o envelope por um longo minuto. Depois a devolveu ao carteiro e disse:
- Entrega.
E, diante do espanto de Jessé, explicou que só queria ver se tinha posto o endereço certo.

1. O texto inicia-se com um conflito, em torno do qual se desenvolve toda a história.
a) Que acontecimento desencadeia (abre) o conflito da narrativa?
b) Qual é o conflito da narrativa?

2. As ações das personagens são concentradas em tempo e espaço limitados.
a) Determine o tempo de duração a partir do dia em que Marta fez plantão em frente ao edifício de Haroldo e o desfecho da narrativa.
b) Qual a expressão usada que se repete, possibilitando a marcação desse tempo? Que efeito essa repetição produz às ações da narrativa?
c) O espaço tem como função principal situar as ações das personagens. Em que lugar se concentra a ação dessas personagens?

3. No terceiro dia, o carteiro desconfia do comportamento de Marta.
a) Qual é a reação dela diante da desconfiaça do carteiro?
b) Como o carteiro se comporta diante da reação da personagem?

5. No quarto dia, Marta "ficou sabendo que o carteiro se chamava Jessé [...]"
a) Como, provavelmente, Marta obteve as informações sobre Jessé?
b) O que fica subentendido sobre o sentimento entre as personagens nesse momento?

6. Passados alguns dias, Jessé convida Marta para ir a sua casa. Identifique o item que poderia substituir as reticências do seguinte frase: "se ela não se importasse...". Depois complete-a.
eu vou gostar muito de recebê-la.
em visitar uma casa simples e humilde, ele ficaria feliz.
ele não a convidaria mais.

7. No final, o leitor é surpreendido pela decisão de Marta de mandar Jessé entregar a carta, após ficar "olhando o envelope por um longo minuto".
a) Por que, na sua opinião, ela toma essa decisão?
b) Por que esse desfecho surpreende Jessé?

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