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domingo, 21 de março de 2010

Analfabetismo tecnológico

As tecnologias digitais são cada vez mais importantes nos dias atuais, e, com o avanço dessas novas linguagens e tecnologias oriundas da explosão da informática e da internet, percebe-se que as crianças e os adolescentes são quem mais rapidamente dominam essas tecnologias.
Os professores, que devem mediar o conhecimento, precisam, por sua vez, também fazer uso dessa tecnologia, para que possam acompanhá-los. As aulas virtuais e os sistemas EAD já são comuns hoje, embora muitos (principalmente os profissionais que estão em sala de aula) ainda demonstrem receio em utilizá-las.
Além disso, várias escolas oferecem modernos laboratórios de informática, e muitos professores não sabem ou recusam-se a usá-los. Isso acontece apenas pelo receio do novo, de perder o “controle” sobre seus alunos, ou ainda, pelo completo desconhecimento do potencial da internet.
A internet proporciona um material rico e dinâmico, que incrementa e atrai o aluno para a aula. Através dela podemos levar vídeos para sala de aula, construir Blogs, Power points educativos, e tantos outros recursos quanto imaginarmos. Já não basta apenas usar o quadro e o giz, pois os alunos vivem em mundo que muda constantemente, os apelos fora da sala e aula são inúmeros, e não podemos lutar contra, e sim usá-los a nosso favor. É claro que precisamos delimitar os limites, por exemplo, não podemos permitir que usem a linguagem “internetês” em uma produção textual, ou em uma resenha, mas podemos propor que escrevam e-mails para colegas, para alguma revista impressa ou canal de tv. Tudo isso pode ser feito em laboratórios de informática, com a orientação do professor. Podemos ainda sugerir pesquisas (de acordo com a faixa etária). Pode-se pesquisar por exemplo o momento político e histórico em que cada obra foi escrita, a bibliografia de alguma autor específico, ou ainda entrarmos em blogs e comunidades de autores, trocar informações com eles, fazer perguntas... Pode-se ainda, trabalhar a correção ortográfica usando o Word...
Enfim, o ensino tem diversos - e bons – motivos para usar a internet e seus recursos, basta apenas que o professor saiba o que deseja que seus alunos percebam com seu uso. É bem provável que seu aluno saiba como usar algumas ferramentas melhor do que ele, já que as crianças convivem mais com essa mídia que os adultos, mas essa troca é muito gratificante, pois o professor, como já dizia Guimarães Rosa, “(...) não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”
Valéria Riet (para ativ 05 do pós)

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)