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domingo, 21 de novembro de 2010

Análise de charge sobre maioridade penal


Muito se discute na atualidade sobre a validade de reduzir a maioridade penal. Certo ou não, trago uma rápida análise de uma charge que envolve este assunto.

Muitas vezes, confundimos cartum e charges. Sendo assim, num primeiro momento é fundamental conhecer essa sutil diferença entre esses tipos de texto.

O cartum é um texto humorístico que usa também a linguagem verbal e não verbal e, normalmente, retrata situações atemporais, satirizando os costumes humanos, o que difere da charge, que satiriza um fato específico. Outra característica que difere a charge do cartum é o fato de a charge utilizar personalidades públicas, geralmente, um político, um artista. No cartum, as personagens são pessoas comuns.

Na charge deste post temos uma cena muito comum nos dias de hoje: policiais revistando pessoas/transeuntes que, por gestos, ações, olhares considerados diferentes, maneira de se vestirem, levantam suspeitas de serem marginais ou meliantes que estão prestes a agir de maneira ilícita.
Se algum dos meus amigos por aqui passasse, me diria que há uma grande ironia/sarcasmo nesse texto, mas é preciso entender que para o policial não há ironia; muito pelo contrário, há repúdio, asco. A ironia nesse caso só mesmo se for devido à sujeira que está nas mãos de um dos policiais.
Os bebês aqui estão representando os menores infratores de maneira literal e o que percebemos é que o chargista utilizou o duplo sentido, partindo da palavra "sujos" e utilizou bebês para representar os menores infratores. A expressão do primeiro balão designa que os menores revistados pelo outro policial não estão portando nenhuma arma ou objeto que os condene.
Por último, é preciso entender que há um tom de lamento na fala de um dos policiais por suas mãos estarem sujas no sentido denotativo, ou seja, ao revistar os "menores", o policial verificou suas mãos sujas de fezes.
Creio que, diferentemente de outras análises, esta ficou um pouco mais séria. Isso decorre, principalmente, do fato de ser um texto que usei em sala de aula. É isso, amigos.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)