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domingo, 21 de novembro de 2010

Usos do mas, mais e más




Vamos ver exemplos de utilização dos termos Mas, Mais e Más.

* MAS *

Tenho sentido um certo desânimo nos últimos dias, Sally...mas é tudo minha culpa...

Mas - é conjunção (termo que liga palavras ou frases) - Termo invariável (não vai para o plural) - Relaciona palavras ou frases contrárias, contrastantes, oposição de idéias.

* Utilizamos sempre vírgula antes do MAS.


Outros exemplos:

Fui ao baile, mas não dancei.

(quem vai ao bailer, geralmente, dança...a oposição a essa idéia é "mas não dancei")

Comi, mas não engordei.

(no exemplo temos a primeira idéia que é "Comi" que pressupõe que quem come, se alimenta,e, consequentemente, engorda. Já na segunda oração vem a oposição a essa idéia "mas não engordei".)

Se tiver dúvida quanto ao uso do MAS basta substituí-lo por: porém, contudo, todavia, entretanto. Se for possível a substituição use MAS: Gosto de navio, porém (mas) prefiro o trem.

=Ele falou muito bem; todavia (mas) não foi como eu esperava.

=Tentou, mas (porém, todavia, entretanto) não conseguiu.


* MAIS *

"Não, ela é MAIS que uma boa professora..."

Mais - é advérbio (termo que intensifica ou diminui circunstâncias) Termo invariável (não vai para o plural) - tem sempre o sentido de soma, de quantidade, de intensidade. Um bom macete é trocar a palavra mais por menos, se o sentido for o mesmo então o correto é usar o MAIS.
Outros exemplos:

Eu quero mais sorvete. (Eu quero menos sorvete)

Eu gosto mais de estudar que brincar. (Eu gosto menos de estudar que brincar)

* Más *

• Más é o plural do adjetivo má (maldosa) e o feminino de mau (contrário de bom).

Outros exemplos:

Estavam com más (boas) intenções.
As más (boas) ações empobrecem o espírito.
Sempre soubemos que elas eram más (boas)
* Resumindo: toda vez que você puder trocar MÁS por maldosas e o sentido ficar o mesmo vai usar o termo MÁS com acento.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)