Quando brinco em sala de aula com meus alunos dizendo que eles já devem ter visto nos classificados dos jornais os anúncios de acompanhantes e neles as palavras “passivo” e “ativo”, aproveito pra falar que eles passarão a entender o que isso tudo significa. Isso porque o conceito é o mesmo das vozes verbais, um assunto que trabalho quando estudamos os termos essenciais da oração e depois quando falamos em agente da passiva. Hoje, você passará também a entender desse assunto.
Voz verbal: É a forma que o verbo assume para expressar a relação entre ele e o sujeito. São três as vozes verbais:
1) Voz ativa → quando o sujeito pratica a ação verbal.
Os ladrões invadiram a cidade.
A doença marcou a moça.
As águas isolavam a aldeia.
2) Voz passiva → quando o sujeito sofre a ação verbal. Pode ser de dois tipos:
a) Analítica: é formada por um verbo auxiliar (geralmente: ser, estar, ficar) + particípio do verbo principal. Na voz passiva analítica, aquele que pratica a ação verbal é chamado de agente da passiva.
A cidade foi invadida pelos ladrões.
A moça foi marcada pela doença.
A aldeia era invadida pelas águas.
TRANSFORMAÇÃO DA VOZ ATIVA EM PASSIVA ANALÍTICA
Os ladrões invadiram a cidade. → ATIVA
↓ ↓
sujeito obj. direto
A cidade foi invadida pelos ladrões. → PASSIVA ANALÍTICA
↓ ↓
sujeito agente da passiva
OBSERVE:
* Só existe voz passiva com verbo transitivo direto, ou mais raramente com verbo transitivo direto e indireto, ou só indireto (por exemplo: desobedecer).
* O objeto direto da voz ativa é o sujeito na voz passiva.
* O sujeito da voz ativa é o agente da passiva analítica.
* O verbo da voz ativa torna-se uma locução verbal na passiva analítica, formada por:
verbo SER ( no tempo do verbo da voz ativa ) + particípio do verbo principal.
Ex: cantei ( pret. perf.) = foi cantado (a)
venderá ( futuro do presente) = será vendido (a)
ouvia ( pret. imperf.) = era ouvido (a)
digo ( presente) = é dito (a)
faria ( futuro do pret. ) = seria feito (a)
b) Sintética ou pronominal: é formada por um verbo transitivo (geralmente direto) na 3 ª pessoa (singular ou plural) + pronome SE (chamado de pronome apassivador). Na voz passiva sintética, não existirá agente da passiva, e o verbo concordará com o sujeito.
Ex: Aluga-se casa. / Alugam-se casas.
↓ ↓
sujeito sujeito
Para reconhecer a construção VERBO + SE como passiva sintética, deve-se transformá-la em passiva analítica. Se a transformação for possível, teremos passiva sintética. Se não for possível a transformação, teremos voz ativa com sujeito indeterminado, e o SE será chamado de índice de indeterminação do sujeito ( IIS ).
Assinou-se o decreto. = O decreto foi assinado.
( Foi possível a transformação; portanto, temos voz passiva sintética.)
Vive-se bem aqui. = É impossível passar para passiva analítica.
( Não foi possível a transformação; portanto, temos voz ativa com sujeito indeterminado.)
TRANSFORMAÇÃO DA VOZ PASSIVA SINTÉTICA EM ATIVA
Vende-se casa. (passiva sintética) = Vendem casa. (ativa)
↓ ↓
sujeito objeto direto
Vendem-se casas. (passiva sintética) = Vendem casas. (ativa)
↓ ↓
sujeito objeto direto
OBSERVE:
* O pronome apassivador desaparecerá na voz ativa.
* O sujeito ficará indeterminado (com verbo na 3 ª pessoa do plural ).
3) Reflexiva → quando o sujeito pratica e sofre a ação verbal.
O homem barbeou-se.
Não se deve confundir verbo na voz reflexiva com verbo pronominal. São verbos na voz reflexiva aqueles que admitem o acréscimo das expressões: a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, etc.
Ele se feriu. ( Ele feriu a si mesmo) → REFLEXIVA
Despenteei-me. ( Despenteei a mim mesma ) → REFLEXIVA
Os pronomes pessoais oblíquos que acompanham os verbos na voz reflexiva são chamados de pronomes reflexivos. Já os verbos pronominais não admitem o acréscimo daquelas expressões. Os pronomes pessoais oblíquos que aparecem com esses verbos são chamados de parte integrante do verbo, pois não se conjugam esses verbos sem os pronomes pessoais oblíquos. É bom avisar que esses verbos estarão na voz ativa.
Eu me queixei dele.
Tu te queixaste dele.
Ele se queixou dele.
Nós nos queixamos dele.
Vós vos queixastes dele.
Eles se queixaram dele.
Outros exemplos de verbos pronominais: suicidar-se; arrepender-se; indignar-se; zangar-se; etc.
Por último, os verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos são, segundo alguns gramáticos, chamados de NEUTROS.
O vinho é bom.
Aqui chove muito.
É isso, meus amigos, espero que de agora em diante, ninguém confunda mais o uso dos verbos na voz ativa, muito menos na passiva.
De tudo um pouco: resenhas; atividades escolares para o Ensino Fundamental I e II, Educação Infantil, Alfabetização; Jogos; Dicas; Atividades, Planos e projetos de aula, Textos teóricos; Artesanato; Redação; Enem; Vestibular; Revistas; Artigos; Moldes; Reciclagem...
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domingo, 21 de novembro de 2010
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professores apaixonados
Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)
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