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domingo, 19 de agosto de 2012

3. Nova ortografia - acentuação


Acentuação: quando e por quê
Na Língua Portuguesa, as regras de acentuação servem para marcar a sílaba tônica e o timbre das vogais. Existem muitas diferenças entre a acentuação no Português do Brasil e no Português de Portugal. Muitas vogais soam abertas em Portugal e nos outros países lusófonos, mas têm o som fechado no Brasil.
Os acentos agudo (´) e circunflexo (^) fazem parte do grupo dos sinais diacríticos do Português.
Agora, vejamos os principais pontos do Acordo no que se refere à acentuação:
São aceitas duas formas de acentuação de proparoxítonas cuja vogal tônica e / o está em final de sílaba seguida de m / n. Usam-se acento agudo para o timbre aberto (preferência em Portugal) e circunflexo para o timbre fechado (preferência no Brasil):

cómodo ou cômodo.                 génio ou gênio.

Não são acentuados os ditongos ei e oi de palavras paroxítonas:
assembleia, ideia, jiboia, heroico, paranoico, apoio (verbo), alcaloide, Coreia, joia, Troia, geleia, paleozoico, etc.
Fique ligado!  Exceções: Méier, destróier, porque caem na regra que diz que devemos acentuar as paroxítonas terminadas em r.

As oxítonas com ditongos abertos continuam acentuadas:  herói, constrói, papéis, anéis.
Não se acentuam as palavras homógrafas:    para (verbo) / para ( preposição).
Ex.: Ele sempre para para abastecer nesse posto.
pela(s) (substantivo) / pela (verbo) / pelo.  Ex.: Eu pelo o pelo do cachorro todo verão.
polo(s) (substantivo).

Fique ligado!  Continuará acentuado o verbo pôr, para se distinguir da preposição por. Também o verbo pôde (pretérito perfeito do indicativo), para se distinguir do presente do indicativo: pode.
No caso de fôrma/forma, é facultativo o uso do acento, mas ele ajuda a não confundir o significado.
Ex.: Qual a forma de colocar o bolo na fôrma?
No Português de Portugal, alguns casos são facultativos:
Distinguir dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) de demos (1ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo). Só que, no Português do Brasil, a vogal é sempre fechada, então, não se usa o acento.
Para distinguir amamos, do presente do indicativo, de amámos, do pretérito perfeito, pode-se usar o acento, mas não no Português do Brasil, já que, em ambos os casos, a vogal é fechada.

Palavras paroxítonas cujas vogais tônicas i / u são precedidas por ditongo também não são mais acentuadas:   feiura, maoista, sauipe, bocaiuva (tipo de árvore).

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)