A passagem entre séries pode ser bem tranquila. Para tanto, vale organizar visitas monitoradas e bate-papos entre alunos e professores
Diego Braga Norte
FIM DAS DÚVIDAS A professora Anne Karine Miranda fala sobre os conteúdos do 6º ano com alunos do 5º. Foto: Cristiano Mariz
A primeira diferença entre as duas etapas é a maior quantidade de professores. Depois de conviver com apenas um educador em sala de aula durante anos, a troca para até oito deles parece algo bem difícil. Por isso, a professora de Ciências Anne Karine Miranda, também do Inei, faz questão de participar de rodas de conversa com as classes de 5º ano. Nessas ocasiões, Anne fala sobre as tarefas e as avaliações de sua disciplina, antes mesmo de começar a lecionar para a turma.
Em Florianópolis, o Instituto Estadual de Educação (IEE), adota uma atividade similar. Desde 2007, a escola coloca em prática um processo de transição que prevê várias ações. Segundo o coordenador de ensino Vendelin Borguezon, uma delas é a palestra, feita em novembro, para todos os estudantes de 5º ano. No evento, os educadores se apresentam, traçam um panorama dos conteúdos e tiram dúvidas. "Esse tipo de encontro é proveitoso. A garotada fica ansiosa e procuramos mostrar que esse é um processo pelo qual todos passam", destaca Borguezon.
Além do contato com os futuros professores, é válido promover a interação dos mais novos com os mais velhos. Assim, os que já se adaptaram ao novo jeito de estudar explicam aos outros como fizeram para se adequar (confira as principais dificuldades dessa fase e as ações para ajudar a superá-las no quadro abaixo). Esses momentos de troca podem ocorrer em uma visita dos estudantes de 5º ano a uma sala de 6º para a realização de uma entrevista, por exemplo. Segundo Maria Aparecida Ferreira da Silveira, educadora e formadora de professores do Instituto Chapada, em Palmeiras, a 390 quilômetros de Salvador, antecipar dados da realidade do ano seguinte é mesmo uma das melhores formas de evitar o choque inicial.
Como a escola pode ajudar em cada momento
Os espaços e o ritmo de estudo são diferentes nessa nova fase
Outra questão a ser encarada diz respeito ao espaço físico. Para muitas crianças, terminar o 5º ano significa mudar para a escola mais próxima, onde são oferecidas as séries finais do Ensino Fundamental. Nesses casos, é importante que diretores e coordenadores das unidades que atendem até o 5º ano combinem uma visita monitorada a salas de aula, laboratórios, quadras e pátios que serão usados em breve. Mesmo quando a escola é a mesma, pode ocorrer de as séries finais ocuparem locais diferentes dos reservados às iniciais. Às vezes, os alunos tiveram pouco ou nenhum contato com os futuros ambientes de ensino.
MUDANÇAS EM VISTA Para a professora Maria Cristina Nazário, apresentar o laboratório agiliza a adaptação. Foto: Edu Lyra
Maria Cristina destaca que o ritmo dos alunos é outro aspecto que merece atenção. No 5º ano, com uma professora apenas, as aulas tendem a ser mais lentas. No 6º, com aulas de 45 minutos, a dinâmica de ensino se acelera um pouco, demandando agilidade. As aulas também ficam mais densas, exigindo maior concentração. "Às vezes, o quadro está cheio quando chego. Não posso entrar e já ir logo apagando. Sempre dou um tempinho para que todos terminem de anotar", explica. Em geral, superado o primeiro bimestre, a moçada já está acostumada ao andamento das aulas e acompanha as atividades com facilidade.
Talvez a mais importante aliada nesse processo de adaptação seja a capacidade de organização (leia mais no quadro acima). No início, é normal, por exemplo, as crianças se confundirem na separação do material didático: se esquecem de trocá-lo de um dia para o outro ou, por inexperiência, levam tudo diariamente. Nesse sentido, orientações pontuais ajudam até que seja assimilada essa nova necessidade de separação de livros e cadernos. Quando possível, o ideal é que os alunos já cheguem ao 6º ano cientes do horário das aulas e sabendo usar a agenda.
FERRAMENTA EXTRA Na agenda eletrônica do Colégio Magno, os alunos acompanham a data das tarefas. Foto: Kriz Knack
As agendas coletivas, além de disponibilizar informações confiáveis, têm a vantagem de compartilhar dados entre os professores. Isso é fundamental para evitar o acúmulo de atividades em um mesmo dia, prevenindo uma eventual sobrecarga, especialmente sobre a garotada que ainda está insegura. As experiências mostram que auxiliar na passagem entre as duas etapas é uma jornada muito útil. Ajuda a diminuir a ansiedade e, com isso, facilita a aprendizagem.
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