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sábado, 27 de abril de 2013

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS – Diversão que educa - Monte sua gibiteca



Durante seus mais de 100 anos, as histórias em quadrinhos sofreram várias mudanças. A principal delas, é a transição de literatura inútil à ferramenta pedagógica.
Para compreender melhor, é preciso voltar os olhos para o passado e acompanhar a evolução histórica deste gênero literário.
Seu início foi ainda no século XIX, mas os registros principais são do começo do século XX, com o lançamento da revista infantil Tico-Tico ( 1905 ), especializada em publicar histórias em quadrinhos. Esta revista foi criada por Luís Bartolomeu de Souza e Silva, e era publicada em cores pela editora O Malho. O Tico-Tico inspirada na revista francesa La Semaine de Suzette, cujo personagem principal recebeu o nome de Felismina no Brasil.
No princípio, os profissionais brasileiros dedicavam-se, em maior parte, a reproduções de histórias estrangeira, mas, havia também, personagens nacionais, como Jujuba, de Jota Carlos; Chico Muque, de Max Yantok; e Reco-Reco, Bolão e Azeitona, de Luís Sá.
Em 1934, o mercado das revistas em quadrinhos foi impulsionado por Adolfo Aizem, ao editar o Suplemento Infantil, encarte semanal do jornal carioca A Nação. A publicação torna-se independente, devido ao sucesso alcançado, passando a chamar Suplemento Juvenil, e apresenta o primeiro personagem de história em quadrinhos brasileiro a alcançar projeção
nacional – Roberto Sorocaba, criado por Monteiro Filho. A revista trazia ainda histórias estrangeiras como: Flash GordonMandrake,TarzanPopeye e Mickey. Para concorrer com o Suplemento Juvenil, o jornalista Roberto Marinho lança “O Globo Juvenil“, em 1937. Em 1939, é lançado “Gibi“, nome que até hoje é associado à revista de histórias em quadrinhos. Seu primeiro número traz, entre outras histórias Lil Abner (Ferdinando), de Al Capp; César e Tubinho, de Roy Crane; e Barney Baxter, de Frank Miller. Com o sucesso do gênero, alcançado no decorrer dos anos, surgem muitas outras revistas especializadas em quadrinhos, como o Gibi Mensal, oGury, o Lobinho e o Globo Juvenil Mensal, na década de 40.
Na década de 50, as histórias em quadrinhos passam de diversão à vilãs. Nos Estados Unidos elas são acusadas de subversão e são consideradas má influência aos jovens, sendo apontadas como o principal fator da delinqüência juvenil e eram comumente queimadas em praças públicas. Este efeito foi menor no Brasil, passando a serem consideradas literatura inútil, até mesmo por causa da intolerância ideológica da época. Estes fatos, apesar de negativos, não impediram artistas brasileiros de lançar novos personagens, como O Amigo da Onça ( 1952 ), que circulou durante vinte anos no jornal O Cruzeiro.
Victor Civita funda a Editora Abril e lança a primeira revista com personagens de Walt Disney no Brasil, O Pato Donald. Ziraldo lança, em 1959, Pererê, que abordava em suas histórias, temas polêmicos, como reforma agrária e ecologia.
A década de 60 foi marcada por um grande crescimento no mercado dos quadrinhos, devido ao sucesso de Maurício de Souza ao lançar A Turma da Mônica, passando a produzir revistas em série e utilizar-se de merchandising nas vendas. Até os dias de hoje, A Turma da Mônica é a turminha mais querida dos quadrinhos, sendo preferência entre crianças, jovens e adultos, e obteve sucesso em vários países onde foram lançados.
Com a repressão militar na década de 70, os quadrinhos passaram a trazer críticas sociais e políticas, desta vez, voltados para adultos e, sofreram censura em decorrência a este caráter crítico. Logo depois, na década de 80, o mercado se abre para artistas como Laerte (Piratas do Tietê ), Angeli ( Chiclete com Banana ), Glauco ( Geraldão ) e Fernando Gonsales (Níquel Náusea ), voltados para o público jovem e adulto.
A crise econômica na década de 90 afetou fortemente o mercado dos quadrinhos, fechando várias revistas (principalmente aquelas que transformavam artistas em desenhos) e impulsionando profissionais brasileiros a ilustrar roteiros em outros países, principalmente nos Estados Unidos.
Após anos de conflitos, de ser vista como literatura pouco valiosa, as histórias em quadrinhos foram se desmitificando e, em pleno século XXI passou a ser considerada uma poderosa ferramenta pedagógica, pois tem a particularidade de fundir valiosas expressões culturais, como a literatura e as artes plásticas, tornando-se uma fonte de inspiração didática.
O trabalho com as histórias em quadrinhos é relevante, na medida em que, hoje, o quadrinho é uma forma de expressão importante na nossa cultura, participando imensamente do universo infantil. (GUEDES; GUIMARÃES e VIEIRA, 2004)
A qualidade destas histórias também cresceu, como a linguagem e o enredo, contribuindo grandemente nas aulas, sendo recomendadas até mesmo pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e seus colaboradores, como Pereira (1998): Por associarem imagens e textos, os gibis ajudam as crianças a avançar rapidamente na leitura. (PEREIRA, 1998, apud Nova Escola On-Line)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa para séries iniciais do Ensino Fundamental também abordam este tema, mas, podemos adapta-lo à Educação Infantil, pois, para ler gibis não é preciso saber ler. Os quadrinhos são ideais para apresentar às crianças pré-escolares as primeiras letras, pois são coloridos, possuem textos curtos, são facilmente encontrados e geralmente, têm preço acessível.
Ao trabalhar com histórias em quadrinhos, o educador encontrará uma grande variedade de atividades que poderão ser desenvolvidas com crianças com idade entre 3 e 6 anos . Para as crianças menores, podem ser realizadas leituras em roda, deixar que elas manuseiem as revistas e contém as histórias partindo das ilustrações. Na fase de alfabetização, por volta dos 4 anos e meio, pode-se apagar as frases dos balões dos personagens e pedir para que as crianças reescrevam a história, com a ajuda do professor.
Contar histórias e separa-las por quadros formando um quebra-cabeça e pedir para que as crianças a coloquem em seqüência lógica é um ótimo exemplo de atividade para se desenvolver a percepção visual e a memória. Pode-se propor à turma que criem suas próprias histórias em quadrinhos, unindo assim, a atividade escrita e as artes plásticas.
Vale lembrar que, assim como os livros infantis, as histórias em quadrinhos trazem em seu conteúdo, muito mais que diversão, muito mais do que prazer: elas trazem lições de moral, retratam situações sociais e políticas (como as revistas da década de 70), assuntos atuais como a inclusão, a solidariedade, meio ambiente e vêm sido utilizadas também como meio de informação de utilidade pública, como campanhas de vacinação, contra dengue e drogas.
Na década de 60, já se fazia uso das histórias em quadrinhos para informação, como a história Os três mosqueteiros, desenhada por Carlos Estevão, que trazia dicas para evitar a disseminação de mosquitos e pernilongos e Chega de Enchente, de Ziraldo, onde Pererê explicava à população como evitar enchentes. Como possuem uma linguagem simples e divertida, os gibis são ótimos meios de aprendizagem e conscientização, por isso, pode-se dizer que é uma literatura que diverte e educa.

Como montar uma Gibiteca
Existem, atualmente, no país, centenas de gibitecas públicas. A maioria delas estão instaladas em escolas do ensino fundamental. Como foi relatado, é importante o contato da criança em idade pré-escolar e as revistas em quadrinhos, e que o acesso a este recurso pedagógico contribui para sua aprendizagem.
Em Mogi Mirim, as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF’s) já utilizam da gibiteca para prender a atenção do aluno, principalmente daqueles que não gostam de ler. Na EMEF Jorge Bertolaso Stella, os quadrinhos de Maurício de Souza influenciaram o projeto pedagógico da escola, onde os alunos aprendiam com a Turma da Mônica a preservar o meio ambiente, a respeitar as diferenças, a ser solidários, enfim a ser cidadão.
É fácil montar uma gibiteca, podendo até mesmo ser na sala de aula. Além de fácil, o custo para organizar um acervo variado de gibis é baixo, podendo encontra-los em sebos e bancas de revistas usadas. Primeiro, é preciso escolher o local, devendo ser adequado ao tamanho da coleção, depois, é necessário cataloga-los e sapará-los por título e gênero ( infantil, super-herói, humor, ficção, etc. ), criar, juntamente com as crianças, regras de manuseio, empréstimo e conservação dos exemplares, organização das prateleiras, etc.
Se a escola não dispõe de espaço, o educador pode organizar uma gibiteca desmontável, onde as revistas são guardadas em uma caixa e, na hora combinada para a leitura, o professor faz uma roda com os alunos e expõe os gibis no centro desta roda e cada um escolhe o que mais lhe agrada. Os gibis confeccionados na sala de aula também devem fazer parte da coleção, assim as crianças irão se sentir parte integrante e ativa na gibiteca. O professor pode organizar, também, o dia do gibi, onde cada criança leva um gibi que gostou de ler e o empresta para os colegas de classe, depois, trocam informações e comentários sobre as histórias.
Como podemos ver, as revistas em quadrinhos também são uma fonte de aprendizagem e diversão, com baixo custo e grande variedade. Com imaginação, o educador poderá montar grandes projetos pedagógicos com histórias em quadrinhos para aplica-los aos alunos, que, mesmo com pouca idade, já manifestam seus gostos e preferências e são muito capazes de repassar as lições que aprendem na escola para quem estiver disposto a escutá-los.


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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)