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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Atividades com filmes na sala de aula
Algumas atividades que poderão ser aplicadas em qualquer filme:
Sabemos das dificuldades em assistir um filme na íntegra nas escolas, principalmente nas públicas. O número de aulas já é escasso e um longo programa a ser cumprido. Porém, nada substitui a idéia geral de um filme. Por isso sugerimos o acordo entre professores de áreas afins (História, Sociologia, Filosofia, Inglês, Português, Geografia, etc.) para desenvolverem as atividades a contento e aproveitarem o máximo de reflexão que um filme pode proporcionar. Antes de assistirem ao filme, os alunos poderão fazer uma pesquisa na internet, para localizar alguns dados (direção, ano e país de produção, atores, etc.), a sinopse e ainda o posicionamento da crítica. O site The Internet Movie Database é excelente e contém muitas informações sobre vários filmes e as pessoas envolvidas em sua produção. Trata-se de um site em inglês, que poderá ser bem utilizado com o apoio do professor dessa área. A turma poderá ser dividida em equipes e cada uma fica responsável por pesquisar um tema diferente (sinopse, direção, comentários da crítica, curiosidades, etc.), a partilha das informações será feita em sala. Essa atividade os colocará em sintonia com o filme e despertará o interesse em assisti-lo.
Aliás, sugerimos aos professores explorarem a pesquisa na internet. É claro que existem muitos sites duvidosos e incompletos. Mas, o mesmo se passa com os livros. Explique como utilizar a rede como uma fonte de pesquisa e não apenas para "copiar-colar". Estimule-os a pesquisarem e compararem diversos sites, coloque o potencial da internet a seu favor!
Logo após assistirem o filme, os alunos poderão preencher uma ficha, com o objetivo de explorarem e esclarecerem aspectos importantes. As fichas poderão ser preenchidas individualmente e em casa, em sala de aula será feita a partilha, o que provavelmente gerará uma discussão enriquecedora, pois aspectos divergentes sobre a compreensão do filme surgirão.
Ao apresentar a ficha para os alunos, explique o que é “crítica externa” e “crítica interna”. Esses termos foram criados por um dos maiores pesquisadores da relação cinema e história, o historiador Marc Ferro. Em seu texto O filme uma contra-análise da sociedade? (publicado na obra de Jacques LE GOFF e Pierre NORA, História. Novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995, p. 199 a 215), Ferro propôs uma análise daquilo que “não é filme” (a crítica externa), ou seja, de elementos que não estão representados na película, mas que interferem na maneira como estão representados, como, por exemplo, o posicionamento político do cineasta. E daquilo que “é filme” (a crítica interna), ou seja, os elementos representados e como estão representados, ou ainda, a sua ausência na película.
A última parte da ficha, com relação à opinião do aluno, também é importante explorar que, o “gostar” ou “não gostar” não modifica a película, nem a opinião da crítica, mas é um fator importante sobre a relação que os alunos estabelecem com os filmes, com quais situações se identificam. Esse momento é importante para que os alunos aprendam a respeitar as opiniões divergentes da sua.
Atividades específicas para a Área de Língua Portuguesa:
- pode-se começar explorando a variedade lingüística (nos filmes nacionais, é claro), solicitando aos alunos que identifiquem as marcas lingüísticas ( gírias, estrangeirismos, brasileirismos, neologismos) características de cada grupo social;
- transcrever as falas de personagens e posterior reescrita adaptando para a língua padrão escrita;
- é possível explorar figuras de linguagem, solicitando aos alunos que registrem exemplos de usos de linguagem figurada nas falas dos personagens e depois reescrevam os trechos usando linguagem denotativa;
- em se tratando de produção de texto, o professor pode solicitar resumo do enredo do filme assistido, resenha e fichamento;
- há uma infinidade de obras cinematográficas que podem ser exploradas no trabalho com a Literatura. Uma boa opção é pedir análise comparativa entre filme e livro ou entre filme e texto, apontando tópicos que devem ser comparados (por exemplo, comparar o filme O advogado do diabo ao conto A igreja do diabo apontando como tópicos a construção do personagem diabo, sua argumentação e sua estratégia para arregimentar “fiéis”).
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professores apaixonados
Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)
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