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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Os filmes na sala de aula


Trabalhar com filmes em sala de aula pode ser extremamente gratificante, pois invariavelmente os resultados alcançados superam as expectativas dos professores. Para que isso aconteça é necessário que planejemos detalhadamente cada passo dessa iniciativa. Já tivemos a oportunidade de apresentar algumas das etapas desse planejamento em artigos disponibilizados pelo Planeta Educação. No presente texto retomamos a temática explorando especificamente algumas idéias e encaminhamentos que podem (e devem) facilitar ainda mais a ação dos professores interessados nesse poderoso e eficiente recurso. Para facilitar a leitura e a utilização dessas sugestões, organizamos sua apresentação em tópicos. Espero realmente que venham a ser de utilidade para muitos e muitos educadores que, como eu, apreciam a sétima arte e percebem em produções cinematográficas uma ferramenta e subsídio cultural valiosíssimo. Tenham um ótimo proveito em sua leitura e aulas...

• Os próximos passos quanto ao uso dos filmes em sala de aula referem-se à estruturação das estratégias e metodologias que orientarão parte das aulas. O que se quer, a princípio, é que as aulas sejam dinâmicas e atraentes para os estudantes. Para que isso ocorra é necessário que se organizem atividades que façam com que o educando participe ativamente dos procedimentos. Trabalhar com pequenos grupos e em situações de simulação da realidade são quesitos importantes para que os filmes possam ser discutidos e gerem produção escrita. Organização é outra palavra fundamental quando pretendemos trabalhar com grupos de estudantes; todos os detalhes de encaminhamento das atividades têm que ser apresentados antecipadamente para os estudantes. Aulas expositivas são importantes antes do filme ser mostrado ou logo depois da apresentação dos mesmos.
Trabalhar em pequenos grupos possibilita a troca de idéias, estimula a
cooperação, auxilia na resolução de dúvidas, incentiva a criatividade e
leva a melhores resultados finais apresentados aos professores.

• Aulas expositivas que são apresentadas antes do uso dos filmes têm o propósito de traçar um panorama geral do período histórico que está sendo estudado. Através desse perfil de época apresentado em aula o educando tem condições de comparar textos utilizados, informações apresentadas pelos professores, artigos de revistas especializadas, referências de jornais ou revistas de grande circulação com os filmes. O professor tem o compromisso de disponibilizar os recursos e mobilizar os alunos não apenas através de seminários, centralizando as ações, mas também atribuindo responsabilidades e mobilizando os alunos através de atividades que se desenvolvem durante as aulas que antecedem o uso dos filmes.
Os professores devem dar todas as orientações para que os trabalhos
sejam feitos da melhor forma possível; além disso, sempre que houver
a necessidade de novos esclarecimentos ou a resolução de dúvidas
deve ocorrer o pronto atendimento por parte dos mestres.

• Quando os filmes antecedem as aulas expositivas, a função do uso das películas é diferenciada em relação ao caso anteriormente apresentado. Os filmes são utilizados como recurso de chamamento dos educandos ao tema, tem o propósito de despertá-los para os temas em questão, introduzem o assunto em aulas. Mesmo nesse caso torna-se necessário que os professores procurem orientar as atividades no tocante ao filme, pedindo maior atenção quanto a determinados aspectos da história representada ou intercedendo nos momentos que considere apropriados (se necessário, parando a apresentação do filme em vídeo ou DVD). Não é recomendável que os estudantes façam anotações durante a apresentação do filme, isso dispersa a atenção dos mesmos para os detalhes da trama, do cenário, dos figurinos e de outros elementos representativos que podem ser utilizados pelo professor em suas atividades posteriores. As aulas expositivas que transcorrerem depois da apresentação devem ser utilizadas para referendar os pontos importantes disponibilizados pelo filme, aprofundar o assunto e introduzir idéias que tenham passado sem que tenham sido mencionadas; novamente cabe ao professor utilizar os recursos complementares para que as aulas sejam elucidativas, interessantes e para que a atenção e a participação dos educandos seja contínua.

Ambientar as aulas em situações como uma redação de jornal, uma
estação de rádio ou ainda como uma dramatização teatral pode
motivar os estudantes e levar a produção de trabalhos de ótimo nível.

• Se necessário, os trechos mais importantes podem ser apresentados uma segunda ou terceira vez, depois que as discussões e debates, assim como a redação sobre o material fílmico, já estiverem em curso durante as aulas.

• A proposta de trabalho em pequenos grupos tem o objetivo de fazer com que os educandos troquem idéias entre si, despertem uns nos outros a atenção quanto a aspectos que não foram percebidos, discutam questões propostas pelo professor e escrevam sobre o que viram. Existem vários trabalhos publicados quanto à utilização de técnicas e métodos de trabalho em aula, entre os quais destaco o livro “Manual de técnicas de dinâmica de grupo”, de Celso Antunes.

• A idéia de simulações como proposta de ação nas aulas do pós-apresentação do filme tem o propósito de aproximar os temas apresentados nos filmes da realidade em que vivem os alunos, tornando o assunto em questão ainda mais pulsante e vivo para os mesmos. Ambientar as aulas em situações como uma redação de jornal, uma estação de rádio, uma organização não-governamental ou uma secretaria de governo podem estimular os estudantes e fazer com que o resultado final dos trabalhos seja ainda mais interessante.

Fonte: Planeta Educação (João Luís Almeida Machado - Dr pela PUC-SP no programa Educação:Currículo; Ms em Ed, Arte e Hist da Cult pela Univ Presb Mackenzie-SP; Prof univ e Pesquisador atuando no C U Senac em Campos do Jordão; Ed do Portal Planeta Educação)

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)