Eugênio Cunha
É a partir do aluno que modelamos os quefazeres da sala de aula. Diante disso, não devemos ver o currículo tão somente como um instrumento do formalismo, nem tampouco como resultado de ações improvisadas. O currículo precisa ir do formalismo ao lúdico e do lúdico ao formalismo; da disciplina à criatividade e da criatividade à disciplina. Seu mote é a autonomia discente, dentro de um processo educativo de prazer pedagógico, criatividade e valorização dos atores da escola.
Constrói-se o currículo com a participação de gestores, supervisores, coordenadores, orientadores, psicopedagogos, professores e, evidentemente, da família. Para tanto, será preciso identificar o saber que o aluno já possui; estimular e privilegiar a comunicação e estabelecer atividades inclusivas para serem realizadas também por toda a turma.
O que o aluno com alguma necessidade especial precisa primordialmente? O que é mais importante ensinar? São questões que necessitam ser respondidas para o início da organização curricular, não com base em nossos conhecimentos, mas a partir das carências do educando, em seus aspectos afetivos, sociais e pedagógicos. Veremos, com as respostas, que as atividades passarão a ter objetivos diretos e indiretos. Assim, exercícios que privilegiam a coordenação motora, como os recortes com tesoura ou a pintura, com a supervisão do professor, poderão desenvolver a linguagem, a sociabilidade e, evidentemente, a concentração.
Então, o primeiro passo está na avaliação para saber quais habilidades necessitam ser conquistadas; quais aptidões básicas, motoras e acadêmicas necessitam ser desenvolvidas. A realidade pedagógica do educando fará com que cada etapa superada demande uma nova. Prioriza-se uma série de afazeres ligados ao seu cotidiano, concernentes à sua independência, que podem ir da higiene pessoal à linguagem escrita, da alimentação à matemática. O que é mais importante aprender naquele momento deverá ser favorecido. Primeiro, trabalha-se algumas tarefas de maior facilidade de execução até o pleno domínio. Posteriormente, acrescenta-se uma nova.
Haverá conquistas e erros, muitas vezes mais erros do que conquistas, mas o trabalho jamais será em vão. O afeto é um proeminente valor para a dinâmica e superação das dificuldades.
Orientações ao professor
Autismo: concentrar-se no contato visual e sempre mostrar a cada palavra uma ação e a cada ação uma palavra.
Síndrome de Down: trabalhar com materiais pedagógicos concretos, com livros e fotos de familiares.
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): estabelecer e organizar rotinas de trabalho e privilegiar trabalhos curtos, realizando uma tarefa por vez.
Transtornos emocionais: propor atividades que estabeleçam vínculos afetivos com o aluno e possibilitar um ambiente educativo agradável.
Dislexia: evitar o excesso de conteúdo, utilizar linguagem objetiva e tarefas pequenas.
Dispraxia: trabalhar a coordenação motora, a orientação espacial e o equilíbrio.
Discalculia: ensinar matemática utilizando o concreto, o lúdico e o cotidiano. Estimular a memorização e a discriminação visual.
Disgrafia e disortografia: utilizar materiais sensoriais, livros e fazer uso de contação de histórias.
Texto publicado na edição de maio da revista Profissão Mestre. Deixe seu comentário na seção Voz do Leitor.
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