Proposta Curricular EJA II – Ensino Fundamental
Ciclos I e II (5ª a 8ª) Séries
Área – MATEMÁTICA
A aquisição do conhecimento matemático não se inicia, para o educando adulto, apenas quando ele ingressa num processo formal de ensino. Essa aquisição já vem se dando durante todo o decorrer de sua vida. O indivíduo alijado da escolarização é obrigado, no confronto com suas necessidades cotidianas (principalmente aquelas geradas pelo tipo de trabalho que ele realiza), a adquirir certo saber que lhe possibilite a resolução de dificuldades. Mas, se sua situação nas relações sociais de produção exige a aquisição desse saber, essa mesma situação, impedindo a sua escolarização, impede o acesso às formas elaboradas de conhecimento matemático.
A consciência do indivíduo torna-se, assim, marcada por uma ambigüidade, pois, de um lado, quando se depara com certas dificuldades, não hesita e as resolve utilizando-se daquele seu saber matemático e, de outro lado, como esse saber não é reconhecido enquanto conhecimento matemático pela sociedade, ele mesmo, assumindo isso, embora inconscientemente, afirma que não conhece nada de matemática e que é um ignorante.
A compreensão desse processo contraditório vivido pelo adulto não escolarizado mostra a necessidade de se desenvolver uma metodologia de ensino que possibilite a real superação – incorporação do conhecimento que ele já adquiriu, e não uma metodologia que meramente justa ponha, ao que o indivíduo já sabe aquilo que ele não sabe e precisa saber.
Assim sendo, o processo de ensino – aprendizagem contribuirá intencionalmente para a transformação social se for orientado no sentido de criar condições para que o educando, até então alijado da escolarização, vá percebendo seu processo de recriação do conhecimento matemático e do seu uso adequado.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
· Identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e
transformar o mundo em sua volta;
· Perceber a matemática como ferramenta que estimule o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver
problemas;
· Selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente;
· Resolver situações problema sabendo validar estratégias e resultados, desenvolvendo formas de raciocínio;
· Comunicar-se matematicamente, fazendo uso da linguagem oral estabelecendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas;
· Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca de soluções para problemas propostos, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles;
· Aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas, utilizando-os na interpretação da ciência, nas atividades cotidianas;
· Explicitar o próprio pensamento e procurar compreender o pensamento do outro;
· Discutir as dúvidas, persistir na tentativa de construir suas próprias idéias;
· Perceber que além de buscar a solução para uma situação proposta devem cooperar para resolvê-la e chegar a um consenso.
CONTEÚDOS
1. Números e Operações
· Naturais e decimais em contagem e medidas;
· Uso de frações ½ e ¼ em medidas;
· Organização e extensão do S.N.D. e os números decimais, uso da vírgula;
· Relação entre números decimais e fracionários;
· Uso de frações e a relação entre os números decimais;
· Números relativos em problemas de dívidas e ganhos;
· Adição e subtração com números naturais e decimais;
· Multiplicação e divisão com números naturais e entre números decimais;
· Construção de algoritmos;
· Cálculos de metades e quartos;
· Relação entre as operações com os números decimais e as operações entre
frações;
· Adição e subtração entre frações heterogêneas;
· Razão e proporção;
· Regra de três;
· Cálculos de frações de quantidade, porcentagem;
· Cálculo de porcentagem;
· Adições e subtrações entre números relativos em problemas de saldo devedor;
· Coordenadas cartesianas no plano;
· Construções de tabelas e gráficos;
· Potenciação: quadrados e cubos (relação com a geometria);
· Teorema de Pitágoras;
· Equações do 1º e 2º graus;
· Sistemas de equações.
2. Espaço e Forma
· Semelhanças e diferenças entre formas da natureza e sólidos geométricos;
· Classificação dos sólidos e das figuras planas;
· Planificação dos sólidos;
· Formas das figuras planas: quadrangular, retangular, etc.;
· Uso da régua, esquadros e compassos para desenhar figuras planas;
· Classificação dos sólidos geométricos em Corpos Redondos (cilindros, cones, esferas) Poliedros (pirâmides, Prismas).
· Classificação das figuras planas obtidas a partir dos sólidos;
· Identificação dos polígonos pelo número de lados;
· Noções de paralelismo e perpendicularismo;
· Noções sobre ângulos;
· Uso dos quadrados.
3. Grandezas e Medidas
· Tempo e valor: calendário, relógio e relações com o S.N.D. (sistema numérico decimal);
· Valor: cédulas e moedas;
· Unidades arbitrárias: pé, palmo, pitada, etc.;
· Unidades padrão mais usadas: Múltiplos e submúltiplos (metro, grama e litro),
relação com o S.N.D.;
· Instrumento de medidas;
· Uso das medidas de tempo e valor, conversões;
· Área e perímetro das principais figuras planas;
· Medidas mais usadas para superfície (metros quadrados) e volume (metros cúbicos);
· Volume dos sólidos geométricos (prismas retos e composições desses prismas);
· Uso do transferidor para medir ângulos.
METODOLOGIA
A área de matemática adotará a metodologia que partirá de práticas diárias dos conhecimentos que os alunos já possuem através de situações problemas.
Conhecimentos estes que elaborados, sistematizados e explorados em sala de aula, servirão como elemento de ligação com os conteúdos, fazendo com que os alunos percebam a relação entre o que eles já sabem e o que estão aprendendo, e também entre conteúdos, para que todo conhecimento possa ser acessível, de fácil compreensão e de grande utilidade prática.
O vínculo da matemática com as situações do cotidiano possibilitará aos alunos levantarem hipóteses e arriscarem-se na busca de resultados. Assim, é fundamental fazer com que os alunos ampliem os significados que possuem a cerca dos números e das operações, busquem relações existente entre eles, aprimorem a capacidade de análise e de tomada de decisões que começam a se manifestar. Também irá explorar o potencial crescente de abstração, fazendo com que os alunos descubram regularidades e propriedades numéricas, geométricas e métricas. Com isso criará condições para que os alunos percebam que as atividades matemáticas estimulam o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas. Canalizar-se-á para a aprendizagem toda a ebulição desse espírito questionador que estimula os alunos a buscar explicações e finalidades para as coisas, discutindo questões relativas às utilidades da matemática, como ela foi construída, como pode contribuir para a solução de tantos problemas do cotidiano como de problemas ligados à investigação científica. Desse modo, os alunos deverão identificar os conhecimentos matemáticos como meios que auxiliam a compreender e a atuar no mundo em que estão inseridos.
A aprendizagem de matemática também pode ser enriquecida com recursos
didáticos como: livros, vídeos, televisão, rádio, calculadoras, computadores, jogos, notícias de jornal, panfletos, etc., pois tais recursos têm um papel importante no processo de ensino e aprendizagem, pois são materiais que estão diretamente relacionados com o dia-a-dia do aluno. No entanto, tais recursos devem estar integrados a situações que levem o aluno ao exercício da análise e da reflexão.
Assim, a organização do trabalho será encaminhada de modo que os alunos desenvolvam a própria capacidade para construir conhecimentos matemáticos e interagir de forma cooperativa com seus pares, na busca de soluções para problemas, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO CULTURA E DESPORTOS
DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
COORDENAÇÃO: MÁRCIA CRISTINA P. CRUZ
Proposta Curricular EJA II – Ensino Fundamental
Ciclos I e II (5ª a 8ª) Séries
ÁREA – HISTÓRIA
A História enquanto disciplina escolar ao se integrar na área de educação de jovens e adultos possibilita ampliação de estudos sobre as problemáticas contemporâneas, situando-as nas diversas temporalidades, servindo como arcabouço para reflexão sobre possibilidades de mudanças e necessidades da continuidade.
A História é construída no espaço e no tempo, que se modificam a partir do trabalho do homem, e a interferência do seu trabalho no meio pode nem sempre estar voltada para o interesse da coletividade. Compreender como a sociedade se organiza e tece suas engrenagens, o significado de direitos e deveres, a relação macroeconômica, os fatos determinam a vida dos povos e das nações é fundamental para o educando. A prática social dos homens constrói e reconstrói o espaço e organiza de forma diferenciada a vida na cidade e a vida no campo expondo as contradições que as relações de produção determinam. As formas organizativas como as classes sociais, os grupos populares e minorias se organizam e podem redefinir seus direitos à cidadania e a igualdade social.
Conhecer a História facilita a compreensão de que a cada momento a intervenção do homem na realidade produz transformações nas relações sociais, políticas e econômicas. Só dessa forma o aluno poderá assumir a sua condição de sujeito histórico e participar das transformações da realidade atual.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
· Identificar os elementos que compõem a diversidade artística e cultural, manifestos no tempo e no espaço e que caracterizam a condição humana como fenômeno diverso e complexo;
· Comparar diferentes processos de formação socioeconômica, identificando seu
contexto histórico;
· Identificar relações sociais no seu próprio grupo de convívio, na localidade, na região e no país, e outras manifestações estabelecidas em outros tempos e espaços;
· Situar acontecimentos históricos e localizando-os no tempo e no espaço;
· Reconhecer que o conhecimento histórico é parte de um conhecimento interdisciplinar;
· Compreender que as histórias individuais são partes integrantes de histórias coletivas;
· Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles, continuidade e descontinuidade, conflitos e contradições sociais;
· Questionar sua realidade, identificando problemas e possíveis soluções, conhecendo formas político-institucionais e organizações da sociedade civil que possibilitem modos de atuação;
· Dominar procedimentos de pesquisa escolar e de produção de texto, aprendendo a observar e colher informações de diferentes paisagens e registros escritos, iconográficos, sonoros e materiais;
· Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade social;
· Valorizar o direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e dos povos como condição de efetivo fortalecimento da democracia, enfatizando-se o respeito às diferenças.
CONTEÚDOS
· Espaço – tempo
· História e memória
· O homem: um ser histórico
· História e trabalho
· Primeiras civilizações
· Mundo feudal
· Renascimento comercial e urbano
· Cidade: centro das artes, ciência e novas idéias
· Formação dos Estados Nacionais
· As grandes navegações do século XV: o encontro de dois mundos
· Processo de Colonização no Brasil
· Era Industrial
· Formação dos monopólios
· Imperialismo e neo-colonialismo
· América Latina no contexto internacional
· Indo-Afro-Latino América
· Processo de Independência no Brasil
· Império Brasileiro como Regime Político
· Brasil no quadro da expansão imperialista
· Expansão do café: escravos e imigrantes – os trabalhadores do café
· Brasil, início e consolidação da República
· As disputas e alianças entre os países da 1ª Guerra mundial
· Superprodução e a crise de 1929
· Era Vargas
· Legislação trabalhista
· Arrancada da Indústria Nacional
· Segunda Guerra Mundial – implanta-se uma nova ordem mundial
· República populista
· O golpe de 64 e a implantação da República autoritária
· O governo pós Constituição de 1988
· Globalização – mercadoria sem identidade nacional
· Cidadania no Brasil
· Relações de gênero
· Movimentos sociais
· Transformações no mundo do trabalho
· Emprego e empregabilidade
· História Regional
METODOLOGIA
O estudo da História do ponto de vista historiográfico e pedagógico é fundamental na formação do estudante como cidadão, para que assuma atitude participativa e crítica na sociedade na qual está inserido.
Para a educação de jovens e adultos foram estabelecidas escolhas em vista da projeção dos anseios dos educandos e problemáticas de outros grupos e classes em diferentes temporalidades e espaços. Assim prevalece o ensino da História do Brasil e as suas relações com a História da América, bem como com as diferentes sociedades e culturas do mundo. Esta opção está associada ao ensino de História com temas que problematizem questões sociais, políticas, econômicas e culturais, respeitando as características e a experiência vivida pelos alunos jovens e adultos.
Os conteúdos contemplarão os temas transversais, privilegiando a realidade local e regional e as relações de trabalho nas dimensões materiais e culturais.
O trabalho pedagógico será favorecido pelas competências e habilidades a serem objetivadas na área enquanto campos de conhecimento e de forma mais específica na disciplina, que são indispensáveis para a apropriação dos conteúdos, descartando o mecanismo de memorização em favor do “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser”.
É necessário ainda:
· Nas diferentes situações de ensino, é necessário valorizar os seus conhecimentos, questionando e debatendo as relações existentes entre conhecimento e prática, ciência e cotidiano, etc;
· Estimular a troca de informações, estudos das relações, reflexões que destaquem diferenças e semelhanças e as transformações;
· Realizar atividades com diferentes fontes de pesquisa, livros, jornais, revistas,
filmes, fotografias, etc., confrontando dados, abordagens, e objetos; Reconhecer que o saber escolar é construído na interlocução. Cada situação requer a escolha de didáticas específicas para que o processo seja construído coletivamente. O professor deve estar continuamente aprendendo, procurar novos caminhos e novas alternativas para criar e recriar novas possibilidades na realidade escolar.
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