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segunda-feira, 19 de abril de 2010

atividade com texto - zona rural e zona urbana

Mãos no bolso e ombros encolhidos, Carlos Teodoro, 12 anos, tosse e sobe a ladeira de terra da Vila Santa Cruz, em Tabatinga, cidade-dormitório de bóias-frias que colhem laranja, na região de Araraguara. O menino vai ao centro de saúde. A falta de ar não o deixou dormir. No dia anterior, trabalhou na turma do Cebola, caminhoneiro que empreita mão-de-obra. Colheu 23 caixas, ganhando o equivalente a 12 centavos de dólar em cada uma. Foi sozinho, pois os pais são velhos e doentes. Colhendo em dupla, o trabalho rende mais: um fica no ponteiro; o outro, no barrado, abaixo, com o saco de lona pendurado ao ombro por uma tira. Quando a sacola fica cheia, o colhedor solta o fundo e derrama o conteúdo na caixa para o transporte no caminhão. Sem parceiro, Carlos teve de trabalhar dobrado.
“Fiquei suado e depois me molhei, por isso tô com essa tosse.”
Se ele não trabalhar, não há como pagar o aluguel, equivalente a 6 dólares, pelo cômodo de tábuas espaçadas e sem janela. O menino sustenta pai e mãe e mais um sobrinho pequeno. A família vive migrando em busca de vida melhor.
“Já passamos por um punhado de cidades. Em Goio-Erê, no Paraná, colhi algodão, já fui até servente de pedreiro.”
Em Tabatinga, só existem laranjas, com seu perfume pela manhã ou à noitinha, e a rotina dos colhedores indo e vindo em ônibus velhos e caminhões.

1. Onde se passa o fato?

2. Quem é o personagem principal do texto?

3. Quanto ganha o menino por uma caixa de laranjas?

4. De quanto é o aluguel do quarto onde mora com a família?

5. Cite um fato acontecido com Carlos Teodoro que mostre que sua família havia migrado.

6. O texto refere-se à vida de que tipo de trabalhador, urbano ou rural?

7. Marque com X a(s) alternativa(s) correta(s). Em meio a todas as dificuldades, o caso do menino trabalhador e especialmente cruel, porque:
a) criança tem menos força para fazer trabalho pesado;
b) criança tem de estar na escola, não no trabalho;
c) criança é mais frágil, pode adoecer com mais facilidade.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)