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segunda-feira, 19 de abril de 2010

atividades com textos - sugestões para os professores

comentários iniciais: 1º Você vai ler um texto cujo título é “A estranha passageira”. Antes, porém, vai fazer previsões sobre ele. Depois da leitura, você poderá compará-las com os significados do texto. Para fazer as previsões, considere as perguntas abaixo:
A história é mais voltada para a realidade ou para a ficção?
Por que será que a passageira é estranha?/Quem é ela?
É passageira de automóvel? Trem? Navio? Avião?
Quem será o narrador, isto é, quem conta a história?
Será sério esse texto? Ou engraçado? Ou triste?

2º Para saber, vamos à leitura!

A estranha Passageira

1 – O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de vôo – e riu nervosinha, coitada.
2- Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial que eu comprara no aeroporto, para me distrair na viagem.
Suspirei e fiz o bacana respondendo que estava às suas ordens.
3- Madama entrou no avião sobraçando
um monte de embrulhos, que segurava desajeitadamente. Gorda
como era, custou a se encaixar na poltrona e a arrumar todos aqueles pacotes. Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive que realizar essa operação em sua farta cintura.
4- Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora nem fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi ficando ridícula.
5 – Para que esse saquinho aqui? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que
parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.
6 – É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.
7 -Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam
qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:
8 – Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?
9- Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar o lamentável
equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas ela era um azougue (embora
com tantas carnes parecesse um açougue) e não parava de badalar. Olhava para trás,
olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca
e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos para
todos os lados.
10- O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando
ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava
os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:
11 – Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só para ela?
12- Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência, isto
é, em caso de necessidade, saía-se por ela.
13- Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o término
do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir os jornais, revistas ou se acomodarem para tirar uma pestana durante a viagem.

14 -Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para
ficar do lado da janela para ver a paisagem) e gritou:
15 – Puxa vida!!!
16 -Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse:
17 – Olha lá embaixo.
18 -Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço. Olha só... o
pessoal lá embaixo até parece formiga.
19- Suspirei e lasquei:
20 – Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou vôo.

Preta, Stanislaw Ponte. Garoto linha dura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

3º Questões de interpretação e concordância verbal;

4º Produção textual: criar um personagem, com riqueza de detalhes, quanto às suas características. Depois, descrevê-lo e desenhá-lo. Após tê-lo criado, construir uma história, também sobre uma viagem. Porém, a mesma não precisa ser cômica. Mas deve ocorrer durante uma viagem, em um transporte coletivo.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)