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domingo, 29 de maio de 2011

Ler: pra quê, como, porquÊ?

Os maiores desafios impostos à educação nos dias de hoje estão ligados às interfaces da Leitura, do ato de Ler, e das ações de compreensão e interpretação daquilo que foi lido. Grande parte de nossos alunos concluem a educação básica sem domínio da leitura convencional, sem saber interpretar e compreender as múltiplas abordagens que a leitura pode emplacar.

A cultura do papel, da escrita impressa, permitiu ao homem a construção de saberes historicamente produzidos ao longo dos séculos. A arte de ler, desde a retórica na Grécia Antiga, já era fator de status, de soberania e de intelecto. Ao homem moderno coube a salutar tarefa de renovar as formas de se reproduzir a leitura e redesenhar seu papel na sociedade moderna.

Fazer com que exista uma transformação entre o estado de Leitura e o de Leituras é necessário, cabe ao professor entender que essa atividade deve ser mobilizada globalmente, devendo perpassar todas as áreas do conhecimento, manifestando-se nos aspectos de produção, expressão oral e escrita, emocional e afetivo.

Embora não se pretenda embutir a culpa do analfabetismo funcional no sistema educacional, é importante ressaltar que os métodos de ensino podem interferir nos processos de aquisição de leitura. Em uma sala de aula onde o aluno vive na passividade, não opina e não questiona, logo, ele não vai “errar”, inexistindo a ação problematizadora que é nata da participação, que vê na ação de errar a ponte para o acerto, para fazer bem feito. Daí as razões da alfabetização e do letramento.

Referir a reprodução da leitura pelo homem moderno é permitir que se rompa com o paradigma da escrita impressa, da “cultura do papel”, é aceitar a tecnologia como mecanismo de ação para aprendizagem, seja para leitura ou para qualquer outra produção cognitiva. Na internet, por exemplo, encontramos uma vasta bagagem de aplicações voltadas para a área educacional: divulgações acadêmicas, pesquisas, comunicação (fóruns, simpósios, vídeo conferências, etc.), não se pode renegar a contribuição tecnológica para a educação, bem como sua faceta para o acesso à leitura e para compreensão do mundo moderno.
O ato de ler requer incentivo, o hábito de ler requer gosto, prazer de ler, desejo e curiosidade. E isso é valido para leitores mirins, juvenis e mais experientes; quem nunca leu o final da história de um bom livro em razão da ansiedade e curiosidade provocada pela leitura prazerosa? O prazer de ler está interligado não somente à necessidade da leitura, mas à aproximação estabelecida entre o sujeito leitor e o fascínio da obra literária.

A amplitude do mundo da leitura é tão grande quanto a nossa capacidade de pensar. Ler, produzir, criar, compreender, interpretar, ouvir e contar histórias são pequenas centelhas do que a leitura pode proporcionar. Ao homem fica a tarefa de ressignifar os mecanismos de acesso à leitura e o redesenho de seu próprio papel na sociedade moderna, o de capacitar o leitor a descobrir a si mesmo, e de aprender a incrível e perene arte de ler a vida e de compreender as entrelinhas que movem o mundo.

Por Giuliano Freitas
Graduado em Pedagogia

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)