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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

1 Quem teve a idéia foi o padrinho da caçula – ele me conta. Trouxe o cachorro de presente e logo a família inteira se apaixonou pelo bicho. Ele até que não é contra isso de se ter um animalzinho em casa, desde que seja obediente e com um mínimo de educação.
2 – Mas o cachorro era um chato – desabafou.
3 Desses cachorrinhos de caça, cheios de nhenhenhém, que comem comidinha especial, precisam de muitos cuidados, enfim, um chato de galocha. E, como se isto não bastasse, implicava com o dono da casa.
4 – Vivia de rabo abanando para todo mundo, mas quando eu entrava em casa vinha logo com aquele latido fininho e antipático, de cachorro de francesa.
5 Ainda por cima era puxa-saco. Lembrava certos políticos da oposição, que espinafram o ministro, mas quando estão com o ministro, ficam mais por baixo que tapete de porão. Quando cruzavam num corredor ou qualquer outra dependência da casa, o desgraçado rosnava ameaçador, mas quando a patroa estava perto, abanava o rabinho, fingindo-se seu amigo.
6 – Quando eu reclamava, dizendo que o cachorro era um cínico, minha mulher brigava comigo, dizendo que nunca houve cachorro fingido e eu é que implicava com o "pobrezinho".
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7 Num rápido balanço poderia assinalar: o cachorro comeu oito meias sujas, roeu a manga de um paletó de casemira inglesa, rasgara diversos livros, não podia ver um pé de sapato que arrastava para locais incríveis. A vida lá em sua casa estava se tornando insuportável. Estava vendo a hora que se desquitava por causa daquele bicho cretino. Tentou mandá-lo embora umas vinte vezes e era uma choradeira das crianças e uma espinafração da mulher.
8 Você é um desalmado — disse ela, uma vez.
9 Venceu a guerra fria com o cachorro graças à má educação do adversário. O cãozinho começou a fazer pipi onde não devia. Várias vezes exemplado, prosseguiu no feio vício. Fez diversas vezes no tapete da sala. Fez duas na boneca da filha maior. Quatro ou cinco vezes fez nos brinquedos da caçula. E tudo culminou com o pipi que fez em cima do vestido novo de sua mulher.
10 – Aí mandaram o cachorro embora? – perguntei.
11 – Mandaram. Mas eu fiz questão de dá-lo de presente a um amigo que adora cachorros. Ele está levando um vidão em sua nova residência.
12 – Ué... mas você não o detestava? Como é que ainda arranjou essa sopa pra ele?
13 – Problema de consciência – explicou: O pipi não era dele.
14 E suspirou cheio de remorso.

PONTE PRETA, Stanislaw. Gol de padre e outras crônicas. São Paulo, Ática, 2000, Para gostar de ler, v. 23.

Questões:
1. Observe o trecho da crônica:
"Ele até que não é contra isso de se ter um animalzinho em casa, desde que seja obediente e com um mínimo de educação."
a) Destaque, no trecho, o verbo que está no presente do subjuntivo.
b) O modo indicativo apresenta o fato como certo, não havendo dúvida sobre sua ocorrência. E o modo subjuntivo, como apresenta o fato?
c)Reescreva o trecho de modo que a personagem tenha a certeza de que o animalzinho é obediente e tem um mínimo de educação.

2. No trecho “... E, como se isto não bastasse, implicava com o dono da casa...” Localize os verbos presentes nele e identifique o tempo e o modo verbal empregados.

3. No trecho “... Num rápido balanço poderia assinalar...” A locução verbal está empregada em que tempo e modo verbal? Por qual verbo eu poderia substituí-la sem perder o sentido?

4. No texto, predomina-se que tempo verbal?
A - Pretérito
B - Presente
C - Futuro
5. Este exercício você encontrará na Apostila Sitema Anglo - Caderno 1 - Exercícios complementares - Número 17 - página 82.
Leia, faça na apostila o que se pede, seguindo as regras do uso de letra inicial maiúscula ou minúscula e poste somente a resposta.
6. Leia, com atenção, os textos abaixo:

- I -

Para Fazer um Poema

Pedi a um poeta
que me ensinasse
a fazer um poema.
-Prenda na página
um pássaro invisível
e nas palavras
solte seu vôo.
"Digito alegria
no teclado do meu riso"

ARAÚJO, Elza Beatriz de. Disponível no site “Jornal de Poesia http://www.secrel.com.br/jpoesia/ebeatriz01p.html.
Acesso em 25/01/08

- II -

Desejo

Quero asas de borboleta azul
para que eu encontre
o caminho do vento
o caminho da noite
a janela do tempo
o caminho de mim.

MURRAY, Roseana. Disponível no site Jornal de Poesia http://www.secrel.com.br/jpoesia/rmurra01.html.
Acesso em 25/01/08

- III –

Imagem, em literatura, é a apresentação especial de uma realidade ou de uma idéia por meio de uma associação surpreendente de palavras, que nos leva a criar representações mentais relacionadas aos nossos sentidos. Por exemplo, o poema “Cultura”, de Arnaldo Antunes, lido no sexto ano, apresenta a seguinte imagem: “o bigode é a antena do gato”. Quando lemos essa definição, a visão de uma antena (de animal ou de aparelhos eletrônicos) vem à nossa mente e associamos suas características (apêndices que servem para captar sinais) ao bigode do gato.
Ensino Fundamental. São Paulo: Anglo, 2006 (7º. ano, Cad. 1, p. 11)

6.1. Nos dois poemas há imagens semelhantes: vôo do pássaro e asas da borboleta. Essas imagens poderiam ser interpretadas como Liberdade.
a) No texto I há duas palavras antônimas (palavras de sentidos contrários) que, juntas, sugerem a idéia de liberdade ou de libertação. Quais são elas?
b) Como se pode interpretar a imagem contida nos versos “e nas palavras/solte seu vôo”? Relacione sua resposta com a definição de imagem, do texto III.
c) Releia o texto II - A repetição da palavra “caminho”, no começo de três versos, tem a função de acentuar o ritmo do poema. Mas não apenas. Ela serve também para intensificar o significado: assim repetido, o caminho parece cada vez mais longo.
Qual será o lugar mais distante e mais difícil de ser atingido pelo sujeito do poema, se ele conseguir as “asas de borboleta”?

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)