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sábado, 11 de julho de 2009

Joãozinho e Maria na cidade

AUGUSTA FARO FLEURY

Joãozinho e Maria, depois de conseguir eliminar a terrível, monstrenga, endiabrada Bruxalda, a bruxa mais cruel do Reino das Bruxas e do Principado da Cornuália, voltaram a morar em sua casinha no meio da floresta. Com seus pais, claro!
Aprenderam a ler, faziam contas e problemas com ajuda de pedrinhas, flores, pauzinhos, grãos e ramos – assim, ficaram ótimos em matemática.
Seu Mudinho, pai das crianças, queria que elas fossem para a capital, estudar mais. Então, levou os meninos para lá. De cara, Joãozinho e Maria foram morar num edifício grandão. Todo dia, só de pensar em descer no elevador, Maria sentia gelar a barriga, batia queixo, suava as mãos e bambeava as pernas. Tadinha!
E Joãozinho? Sempre se perdia no caminho da escola. No colégio, os colegas riam deles. Caçoavam das roupas desengonçadas, dos cabelos feios e da maneira como carregavam o lanche e os livros: dentro de um carrinho de bebê. Como sofriam os garotos da floresta naquela cidade! Joãozinho e Maria ficavam sem graça com as brincadeiras, riam amarelo, não sabendo o que fazer ou dizer. Quando pensavam numa resposta já havia passado da hora.
Joãozinho e Maria desmaiavam de saudades da floresta, dos regatos e cachoeiras, do banhos de rio, do silêncio bom para pensar e dormir, da cantoria dos passarinhos cedinho, do carinho dos pais. O tempo passava, tanto Joãozinho quanto Maria desejavam cursar veterinária para cuidar dos bichos das matas. Tinham um bom motivo: em sua casa na floresta, moravam no quintal cachorrinhos, gatos do mato, tucanos, pombas, galos, perus, galinhas, peixes, sapos, lagartixas, borboletas e ainda oncinhas, lobos, tamanduás, macacos, coelhinhos, tartarugas, jabutis, porcos. Nem sei quantos bichos mais zanzavam por aquele quintalão.
Joãozinho e Maria refugiavam-se no zoológico ou no jardim botânico todos os domingos. Mas isso não diminuía a saudade. Aliás, pelo contrário. Também estavam irritados com o trânsito doido, com os seqüestros e roubos todos os dias por perto. A falta de educação geral, o barulho, a falta de água (às vezes), e o escuro quando também faltava luz (na floresta não havia luz, só lamparinas, e isso eles apagavam quando queriam). Pois é, Joãozinho ficou bobo de ver como existiam tantas farmácias, hospitais, clínicas:
– Credo! Que gente doente, essa da cidade! – espantou-se um dia. Maria ficou impressionada com o povo que se dizia civilizado:
– Gente estúpida, briguenta, de cara ruim! – reclamou a menina.
Sem pensar mais, os dois irmaõs fizeram suas malinhas e, dessa vez, fugiram para a casa da floresta de vez. A cidade grande era pior que todas bruxas do mundo!
Assim, voltaram a ser felizes, cuidando da bicharada e passeando de vez em quando no povoado. – Felicidade é isso! – garantiam para quem quisesse ouvir Joãozinho, Maria, Mudinho e a mãe, Norinha.

Amiguinho caipira
Eliane Varaschini
Ô, cumpadi! Ô, cumadi! Vamo fazê um buneco gaiato pra mode enfeitá o arraiá?
Materiais x Prato de papelão x Retalhos de papel e de tecidos, fitas x Canetinhas x Cola e tesouraHora de Fazerx Desenhe o rosto do caipira no prato de papelão usando as canetinhas coloridas. Ao redor cole os cabelos feitos de papel, tecido ou qualquer outro material que tiver em casa. Vale inventar! x Recorte o chapéu em papelão ou cartolina e enfeite como a imaginação mandar. x Pronto! Agora, cole a carinha num espetinho ou galho e fixe no lugar escolhido.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)