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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Produção textual: temas ou figuras?

Quando se fala em produção de textos, temos de pensar que os mesmos podem fundamentar-se em temas ou em figuras. Usando um exemplo um pouco mais prático, comparem as propagandas com as quais vocês têm contato na tv
Uma figura não tem significado em si mesma. Isoladamente, ela pode sugerir ideias muito variadas e noções muito imprecisas. Num texto, tudo é relação. O que dá sentido as figuras é um tema. Por isso encontrar o sentido de um conjunto de figuras encadeadas é achar o tema a que elas se referem.
As figuras do texto formam uma rede, uma trama. Para compreender o tema de um texto figurativo, é preciso perceber primeiro as redes coerentes formadas pelas figuras.
O que garante a depreensão dos temas por trás das figuras é a coerência da rede de figuras do texto, fruto da relação solidária que elas mantêm entre si.
A quebra da coerência interna da rede de figuras pode tornar o texto inverossímil ou criar novos significados para ele.
As figuras, apesar da oscilação possível dos seus significados, estão articuladas no interior de um texto estruturado, e, num texto, os significados são solidários. As múltiplas significações possíveis de uma figura isolada estão sob o controle de um contexto, no qual se encaixam com coerência apenas algumas dessas possibilidades significativas. A depreensão dos temas subjacentes a um texto figurativo só é possível a partir do confronto cuidadoso das figuras que se articulam e se encadeiam no interior dele, formando uma rede.
Um mesmo tema pode ser manifestado por redes figurativas diferentes e dois escritores podem usar figuras distintas para expressar o mesmo tema.

Para perceber se o texto foi compreendido, vejamos um exercício prático sobre temas e figuras.

EXERCÍCIO PRÁTICO SOBRE TEMAS E FIGURAS
Dê uma possível interpretação a partir das comparações propostas nos versos do poema de Drummond chamado "Catar feijão".

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo;
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e o oco; palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.

E você? Prefere ler textos temáticos ou figurativos? E este exercício? Tem uma resposta para ele? Deixe-a nos comentários do post.
(plano recebido de uma amiga por email- não sei o autor)

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)