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domingo, 19 de agosto de 2012

Cartilha do Bullying


1. O QUE É BULLYING?
O  bullying  é um termo ainda pouco conhecido do grande público. De origem
inglesa sem tradução ainda no Brasil, é utilizado para qualificar comportamentos
agressivos no  âmbito escolar, praticados tanto por meninos quanto por meninas.
Os atos de violência  (física ou não) ocorrem de forma intencional e repetitiva
contra um ou mais alunos que  encontram impossibilitados de fazer frente às
agressões sofridas. Tais comportamentos não  apresentam motivações
específicas ou justificáveis. Em última instância,  significa dizer que,  de forma
“natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, 
prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas
vítimas.
2. QUAIS SÃO AS FORMAS DE BULLYING? NORMALMENTE, EXISTEM
MAIS MENINOS   OU MENINAS  QUE COMETEM  BULLYING ?
As formas de bullying são:
•   Verbal (insultar, ofender, falar mal, colocar apelidos pejorativos, “ zoar”)
•   Física e material (bater, empurrar, beliscar, roubar, furtar ou destruir pertences da  
    vítima)
•   Psicológica e moral (humilhar, excluir, discriminar, chantagear, intimidar, 
difamar)
•   Sexual (abusar, violentar, assediar, insinuar)
•   Virtual ou Ciberbullying (bullying realizado por meio de ferramentas
tecnológicas: celulares, filmadoras, internet etc.)
Estudos revelam um pequeno predomínio dos meninos sobre as meninas. No
entanto, por serem mais agressivos e utilizarem a força física, as atitudes dos
meninos são mais visíveis. Já as meninas costumam praticar  bullying mais na base
de intrigas, fofocas e isolamento  das colegas. Podem, com isso, passar
despercebidas, tanto na escola quanto no ambiente doméstico.8
3. EXISTE ALGUMA FORMA DE BULLYING QUE SEJA  MAIS MALÉFICA? O
CIBERBULLYING   É PIOR DO QUE O BULLYING TRADICIONAL?
Uma das formas mais agressivas de  bullying, que ganha cada vez mais espaços sem
fronteiras é o ciberbullying ou bullying virtual. Os ataques ocorrem por meio de ferramentas
tecnolOgicas como celulares, filmadoras, máquinas fotográficas, internet e seus recursos (e-
mails, sites de  relacionamentos, vIdeos). Além de a  propagação  das difamações ser
pratica- mente instantânea o efeito multiplicador do sofrimento das vItimas é imensurável.
O  ciber-  bullying extrapola, em muito, os muros das escolas e expõe a vItima ao escárnio
público. Os  praticantes desse modo de  perversidade também se valem do anonimato e,
sem nenhum constrangimento, atingem a vItima da forma mais vil possIvel. Traumas e
consequências  advindos do bullying virtual são dramáticos.
4. QUAL O CRITÉRIO ADOTADO PELOS AGRESSORES  PARA A ESCOLHA DA VÍTIMA?
Os bullies  (agressores) escolhem os alunos que estão em franca desigualdade de poder,
seja por situação socioeconômica, situação de idade, de porte fIsico ou até porque nu- 
mericamente estão desfavoráveis. Além disso, as vItimas, de forma geral, já apresentam
algo que destoa do grupo (são tImidas, introspectivas, nerds, muito magras; são de credo,
raça ou orientação sexual diferente etc.). Este fato  por  si sO  já as torna pessoas com
baixa autoestima e, portanto, são mais vulneráveis aos ofensores. Não há  justificativas
plausIveis para a escolha, mas certamente os alvos são aqueles que não conseguem fazer
frente às agressões sofridas.
5. QUAIS AS PRINCIPAIS RAZÕES QUE LEVAM OS JOVENS A SEREM OS
AGRESSORES?
É muito  importante  que os responsáveis  pelos processos  educacionais  identifiquem com
qual tipo de agressor estão lidando, uma vez que existem motivações diferenciadas:
1. Muitos se comportam assim por uma nItida falta de limites em seus processos educa-
cionais no contexto familiar.9
2. Outros carecem de um modelo de educação que seja capaz de associar a autorrea-
lização com atitudes socialmente produtivas e solidárias. Tais agressores procuram
nas ações egoIstas e maldosas um meio de adquirir poder e status, e reproduzem os
modelos domésticos na sociedade.
3. Existem ainda aqueles que vivenciam dificuldades momentâneas, como a separação
traumática dos pais, ausência de recursos financeiros, doenças na famIlia etc. A vio-
lência praticada por esses jovens é um fato  novo em seu modo de agir e, portanto,
circunstancial.
4. E, por fim, nos deparamos com a minoria dos opressores, porém a mais  perversa.
Trata-se de crianças ou adolescentes que apresentam a transgressão como base es-
trutural de suas personalidades. Falta-lhes o sentimento essencial para o exercIcio do
altruIsmo: a empatia.
6. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE UMA VÍTIMA  DE BULLYING PODE
ENFRENTAR NA ESCOLA E AO LONGO DA VIDA?
As consequências são as mais variadas possIveis e dependem muito de cada indivIduo,
da sua estrutura, de vivências, de predisposição genética, da forma e da intensidade das
agressões. No entanto, todas as vItimas, sem exceção, sofrem com  os ataques de bullying
(em maior ou menor proporção). Muitas levarão marcas profundas provenientes das agres-
sões para a vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou  psicolOgico para a supe-
ração do problema.
Os problemas mais comuns são: desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos;
problemas comportamentais e psIquicos como transtorno do pânico, depressão, anorexia
e  bulimia, fobia escolar,  fobia social, ansiedade generalizada, entre outros. O  bullying
também pode agravar problemas preexistentes, devido ao tempo prolongado de estresse
a que a vItima é submetida. Em casos mais graves, podem-se  observar quadros de
esquizofrenia, homicIdio e suicIdio.10
7. COMO PERCEBER QUANDO UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE ESTÁ SOFRENDO
BULLYING? QUAL O COMPORTAMENTO TÍPICO DESSES JOVENS?
As informações sobre o comportamento das vItimas devem incluir os diversos ambientes
que elas frequentam. Nos casos de bullying é fundamental que os pais e os profissionais da
escola atentem especialmente para os seguintes sinais:
Na Escola:
No recreio encontram-se  isoladas do grupo, ou perto de alguns adultos que possam
protegê-las; na sala de aula apresentam postura retraIda, faltas frequentes às aulas, mos-
tram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas; nos jogos ou atividades em grupo sempre
são as últimas a serem escolhidas ou são excluIdas; aos poucos vão se desinteressando
das atividades e tarefas escolares; e em casos mais dramáticos apresentam hematomas,
arranhões, cortes, roupas danificadas ou rasgadas.
Em Casa:
Frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômi-
tos, perda de apetite, insônia. Todos esses sintomas tendem a ser mais intensos no perIodo
que antecede o horário de as vItimas entrarem na escola. Mudanças frequentes e intensas
de estado de  humor, com explosões repentinas de irritação ou raiva. Geralmente elas não
têm amigos ou, quando têm são bem poucos; existe uma escassez de telefonemas, e-mails,
torpedos, convites para festas, passeios ou  viagens com o grupo escolar. Passam a gastar
mais dinheiro do que o habitual na cantina ou com a compra de objetos diversos com
o intuito de presentear os outros. Apresentam diversas desculpas (inclusive doenças
fIsicas) para faltar às aulas.11
8. E O CONTRÁRIO? O QUE SE PODE NOTAR NO COMPORTAMENTO DE
UM PRATICANTE DE BULLYING?
Na escola os bullies  (agressores) fazem brincadeiras de mau gosto, gozações, colocam
apelidos pejorativos, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos. Fur-
tam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser popula-
res na escola e estão sempre enturmados. Divertem-se à custa do sofrimento alheio.
No ambiente doméstico, mantêm atitudes desafiadoras e agressivas em relação aos fami-
liares. São arrogantes no agir,no falar e no vestir, demonstrando superioridade. Manipulam
pessoas para se safar das confusões em que se envolveram. Costumam voltar da escola
com objetos ou dinheiro que não possuIam. Muitos agressores mentem, de forma convin-
cente, e negam as reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos.
9. O FENÔMENO BULLYING COMEÇA EM CASA?
Muitas vezes o fenômeno começa em casa. Entretanto, para que os filhos possam ser
mais empáticos e possam agir com respeito ao prOximo, é necessário primeiro a revisão do
que ocorre dentro de casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas prOprias condutas
e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa é
fundamental. O ensinamento de ética, solidariedade e altruIsmo inicia ainda no berço e se
estende para o âmbito escolar, onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do
seu tempo.
10. O BULLYING EXISTE MAIS NAS ESCOLAS PÚBLICAS OU NAS PARTICULARES?
O bullying  existe em todas as escolas, o grande diferencial entre elas é a postura que
cada uma tomará frente aos casos de bullying. Por incrIvel que pareça os estudos apontam
para  uma postura mais efetiva contra o bullying  entre as escolas públicas, que já contam
com uma orientação mais padronizada perante os casos (acionamento dos Conselhos Tute-
lares, Delegacias da Criança e do Adolescente etc.).11. O ALUNO VÍTIMA  DE BULLYING NORMALMENTE CONTA AOS PAIS E
PROFESSORES O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
As vItimas de  bullying  se tornam reféns do jogo do poder instituIdo pelos  agressores.
Raramente elas pedem ajuda às autoridades escolares ou aos pais. Agem assim, domi-
nadas pela falsa crença de que essa postura é capaz de evitar possIveis retaliações dos
agressores e por acreditarem que, ao sofrerem sozinhos e calados, pouparão seus pais da
decepção de ter um filho frágil, covarde e não popular na escola.
12. QUAL É O PAPEL DA ESCOLA PARA EVITAR O BULLYING ESCOLAR?
A escola é corresponsável nos casos de  bullying, pois é lá onde os comportamentos
agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes. A direção
da escola (como autoridade máxima da instituição) deve acionar os pais, os Conselhos
Tutelares, os Orgãos de proteção  à criança  e ao adolescente  etc. Caso não o faça poderá
ser responsabilizada por omissão. Em situações que envolvam atos infracionais (ou ilIcitos)
a escola também tem o dever de fazer a ocorrência policial.  Dessa forma, os fatos podem
ser devidamente apurados pelas autoridades competentes e os culpados
responsabilizados.  Tais  procedimentos evitam a impunidade e inibem o crescimento da
violência e da crimina- lidade infantojuvenil.
13. COMO É O BULLYING NAS ESCOLAS BRASILEIRAS, EM COMPARAÇÃO A
OUTRAS, DOS ESTADOS UNIDOS OU DA EUROPA? ALGUMA CARACTERÍSTICA
ESPECÍFICA?
Em linhas gerais o bullying  é um fenômeno universal e democrático, pois acontece em
todas as partes do mundo onde existem relações humanas e onde a vida escolar faz parte
do cotidiano dos jovens. Alguns paIses, no entanto, apresentam caracterIsticas peculiares
na manifestação  desse fenômeno:  nos EUA, o  bullying  tende a apresentar-se de forma
mais grave  com casos de homicIdios coletivos, e isso se deve à infeliz facilidade que
os  jovens  americanos possuem de terem acesso as armas de fogo. Nos paIses da
Europa, o     
12  bullying tende a se manifestar na forma de segregação social a até da xenofobia. No Brasil,
observam-se manifestações semelhantes às dos demais paIses, mas com peculiaridades
locais:  o uso de violência com armas brancas ainda é maior  que a exercida com
armas de fogo, uma vez que o acesso a elas ainda é restrito  a ambientes  sociais
dominados pelo narcotráfico. A violência na forma de descriminação e segregação
aparece mais em escolas particulares de alto poder aquisitivo, onde os descendentes
nordestinos, ainda que economicamente  favorecidos, costumam sofrer discriminação em
função de seus hábitos, sotaques ou expressões idiomáticas tIpicas. Por esses aspectos é
necessário sempre  anali- sar,  de maneira individualizada, todos os comportamentos de
bullying, pois as suas formas diversas podem sinalizar com  mais precisão as possIveis
ações para a redução dessas variadas expressões da violência entre estudantes.
14. QUAL A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE ATUAL NESTE TIPO
DE COMPORTAMENTO?
O individualismo, cultura dos tempos modernos, propiciou essa prática, em que o ter é
muito mais valorizado que o ser, com distorções absurdas de valores éticos. Vive-se em
tempos velozes, com grandes mudanças em todas as esferas sociais. Nesse contexto, a
educação tanto no lar quanto na escola se tornou  rapidamente ultrapassada, confusa, sem
parâmetros ou limites. Os pais passaram a ser permissivos em excesso e os filhos cada
vez mais exigentes, egocêntricos. As crianças tendem a se comportar em sociedade de
acordo com os modelos domésticos. Muitos deles não se preocupam com as regras
sociais, não refletem sobre a necessidade delas no convIvio coletivo e, nem sequer se
preocupam com as consequências dos seus atos transgressores. Cabe à sociedade como
um todo transmitir às novas gerações valores educacionais mais éticos e responsáveis.
Afinal, são estes jovens que estão delineando o que a sociedade será daqui em  diante.
Auxiliá-los e conduzi-los na construção de uma sociedade mais justa e menos violenta, é
obrigação de todos.
  1315. COMO OS PAIS E PROFESSORES PODEM  AJUDAR AS VÍTIMAS DE BULLYING A
SUPERAR O SOFRIMENTO?
A identificação precoce do  bullying  pelos responsáveis (pais e professores) é de suma
importância. As crianças normalmente não relatam  o sofrimento vivenciado na escola, por
medo de represálias e por vergonha. A observação dos pais sobre o comportamento  dos
filhos é fundamental, bem como o diálogo franco entre eles. Os pais não devem hesitar em
buscar ajuda de profissionais da área de saúde mental, para que seus filhos possam supe-
rar traumas e transtornos psIquicos.
Outro aspecto de valor inestimável é a percepção do talento inato desses jovens. Os adul-
tos devem sempre estimulá-los e procurar métodos eficazes para que essas habilidades
possam resgatar sua autoestima, bem como construir sua identidade social na forma de
uma cidadania plena.
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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)