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domingo, 19 de agosto de 2012

Gramática com textos: 6º ano - presente do indicativo


Conteúdo - O Presente do Indicativo e seus usos.
Objetivos - Refletir sobre os usos do presente indicativo na língua portuguesa e propor aos alunos situações de produção em que esses usos ocorram. 
Tempo estimado - Seis aulas
Ano -6º ano

Desenvolvimento 
1ª etapa - O tempo presente no poema de Drummond
Inicie a aula pedindo que os alunos se reúnam em duplas. Em seguida, proponha que leiam dois textos: o poema Nota Social, de Carlos Drummond de Andrade, e o texto A Teia da Vida, de Darcy Ribeiro. Comente com a classe que os dois apresentam verbos no presente e peça que tentem explicar, com base nessa primeira leitura, os diferentes usos desse tempo verbal.


Nota Social Carlos Drummond de Andrade 
1 O poeta chega na estação.
2 O poeta embarca.
3 O poeta toma um auto.
4 O poeta vai para o hotel.
5 E enquanto ele faz isso
6 como qualquer homem da terra,
7 uma ovação o persegue
8 feito vaia.
9 Bandeirolas
10 abrem alas.
11 Bandas de música. Foguetes.
12 Discursos. Povo de chapéu de palha.
13 Máquinas fotográficas assestadas.
14 Automóveis imóveis.
15 Bravos ...
16 O poeta está melancólico.
17 Numa árvore do passeio público
18 (melhoramento da atual administração)
18 árvore gorda, prisioneira
19 de anúncios coloridos,
20 árvore banal, árvore que ninguém vê
21 canta uma cigarra.
22 Canta uma cigarra que ninguém ouve
23 um hino que ninguém aplaude.
25 Canta, no sol danado.
26 O poeta entra no elevador
27 o poeta sobe
28 o poeta fecha-se no quarto.
29 O poeta está melancólico


ANDRADE, Carlos Drummond. Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: Record, 1998.

A Teia da Vida Darcy Ribeiro
A vida é uma teia intrincada em que cada ser se relaciona com muitíssimos outros, numa coexistência de complementaridade e interdependência. A forma mais geral dessa relação é chamada pirâmide de vida. Na sua base, ficam as plantas, que se alimentam de terra, de água, de ar e do solo, para vicejar. Acima delas ficam os animais herbívoros, como as vacas, os cavalos, os elefantes, os que comem enorme quantidade de vegetais, capins folhas, cascas, raízes, para construir e manter seus corpos. Mais acima, ficam os carnívoros, como as onças, que se alimentam da carne dos herbívoros.
Nós, seres humanos, confundimos tudo, porque somos onívoros, quer dizer, comemos tanto alface, como outras folhagens, como amendoim, coco, e ainda, e sobretudo, carne de peixe, de porco, de boi e de galinha. (...)
RIBEIRO, Darcy. Noções das Coisas. São Paulo: FTD, 1995, p. 40.

Dê um tempo para que a turma realize a atividade. Em seguida, peça que compartilhem suas observações. O que eles sabem sobre o tempo presente? Quando ele é usado? Com base nos conhecimentos apresentados pela classe, passe para uma análise conjunta do poema.
Certifique-se que os alunos compreenderam as situações nele apresentadas. Elas podem ser divididas em quatro: a chegada do poeta; a sua aclamação; o canto da cigarra que ninguém percebe; a ida do poeta para o quarto. Enumere os versos e assinale, no poema, os trechos correspondentes a cada situação.
Uma vez assegurada essa compreensão, discuta com os alunos o teor das ações do poeta nos versos 1, 2, 3 e 4 e nos versos 26, 27, 28. Nesses versos, embora o presente marque o instante de ocorrência das ações, elas possuem um caráter sucessivo: primeiro o poeta chega, depois embarca, vai para o hotel, entra no elevador, sobe. O eu lírico poderia ter apresentado essas ações no passado, mas escolheu o tempo presente. Essa escolha possui significados. Ela sugere a simultaneidade entre o evento e a narração, entre as ações do poeta e a apresentação delas. Essa simultaneidade, por sua vez, é recriada no momento da leitura; o leitor tem a impressão de visualizar a cena quando a lê. Isso dá a ela maior vivacidade.
Nos trechos que vão do verso cinco ao quinze e do verso dezessete ao vinte e cinco temos o povo ovacionando o poeta e o canto da cigarra. Essas ações são simultâneas às do poeta. O uso da expressão "enquanto isso" reforça a simultaneidade. Os versos 16 e o 29 mostram, por meio do emprego do verbo "estar", um estado do poeta que não se altera - a melancolia.
Para finalizar a abordagem do poema, assinale as oposições no seu interior. A primeira ocorre entre as ações dos homens e as da natureza - a cigarra e a árvore alheias ao rebuliço ocasionado pela chegada do poeta e os homens alheios à natureza; a multidão aclama o poeta e ninguém ouve o canto da cigarra. A segunda ocorre entre a alegria do povo e a melancolia do poeta. Essas oposições ganham força pelo uso do presente; um mesmo tempo une todas as ações.

2ª etapa - A reconstrução do poema de Drummond
Proponha aos alunos a realização de uma produção que imite o poema de Drummond. Nessa produção, eles devem apresentar, de modo fictício, a chegada de uma professora na sala de aula, captando as ações dela, dos alunos e de um terceiro elemento, que pode ser um elemento da natureza (o pardal no pátio, o vento nas árvores, o sol no céu) ou humano (a faxineira varrendo, as crianças fazendo educação física ou brincando no pátio). O importante é que todas as ações estejam no presente e que ocorra a simultaneidade entre as ações da professora, dos alunos e do terceiro elemento. A produção deve ser feita em dupla e lida para o grupo classe. Assinale no decorrer da leitura os aspectos envolvidos no uso do tempo presente: a narração de ações lineares como instantâneas, sugerindo vivacidade, e a simultaneidade das ações da professora, as dos alunos e as do elemento externo.
Pergunte aos alunos se eles conhecem outros usos para o tempo presente. Para a próxima aula, peça que tragam o livro de Ciências.

3ª etapa - O presente nos textos científicos
Inicie a aula com retomando o texto "A Teia da Vida". Peça que a turma releia-o.
Após a leitura, observe se os alunos compreenderam o trecho. Discuta com eles o objetivo do texto: explicar o que é a teia da vida, ou seja, a cadeia alimentar e definir o que são herbívoros, carnívoros e ovíparos. Releia o texto e vá sublinhando com os alunos a ocorrência dos verbos no presente. Terminada a leitura, peça para que procurem explicar esse uso no texto de Darcy Ribeiro. Dê um tempo para que discutam em dupla e para que anotem a possível explicação no caderno. Ouça o que responderam e, caso não tenham chegado à conclusão correta, explique que, nesse caso, as afirmações do texto têm caráter de verdade científica e o pressuposto é que sejam válidas independente do tempo; por isso o uso do presente.
Escolha um trecho do livro de Ciências em que o mesmo procedimento ocorra e leia-o, marcando o uso do presente. Pode ser um trecho já estudado ou ainda a ser investigado.
Como exercício proponha a seguinte atividade. Entregue aos alunos uma notícia sobre algum fato inusitado - relatos sobre a descoberta de objetos voadores não identificados, a história do ET de Varginha, o chupa-cabras, entre outros - e proponha que eles aproveitem as informações contidas na reportagem como se fossem fatos reais e produzam um parágrafo de um texto científico. Por exemplo: "os chupa-cabras são animais que habitam e região do Mato Grosso...". A turma deve utilizar o tempo verbal que caracteriza a apresentação de verdades científicas. Ao final, peça que alguns alunos leiam as suas produções.

4ª etapa - O presente nas manchetes de jornal
Leve para a sala de aula alguns jornais do dia. Escolha algumas manchetes redigidas no presente e as escreva na lousa. Eleja manchetes de cadernos variados - esportes, entretenimento, cotidiano, política. Peça aos alunos que as copiem. Pergunte a eles o motivo do uso do presente nesse caso dado que as notícias se referem a fatos já ocorridos. Aqui, novamente, aparece o papel da ênfase. A manchete no presente causa mais impacto, pois traz o fato para o momento da leitura. Faça alusão ao poema de Drummond analisado na primeira aula dessa sequência.
Como exercício, selecione algumas pequenas notícias, suprima os seus títulos e peça aos alunos que os reconstituam, usando o tempo passado e o presente. Escolha notícias de caráter científico, tecnológico, abordagens de saúde ou direitos do cidadão. A turma vai perceber a diferença de ênfase no uso de cada tempo verbal: a manchete no presente produz um impacto maior no leitor, pois traz a notícia para o momento atual; a manchete no passado coloca uma distancia entre o que é afirmado e o momento da leitura.
Como tarefa para casa, peça que assistam a um telejornal e anotem três chamadas que estejam no presente. Discuta com eles a diferença entre uma chamada no tempo passado e outra no presente.

5ª etapa - Outros usos do presente
Retome a tarefa proposta aos alunos. Ouça as manchetes que anotaram e discuta os usos do presente em cada uma delas.
Feito isso, aponte à turma outros usos do presente.
1- Uso do presente para indicar ação futura. Nesse caso, é comum que o verbo venha acompanhado de um elemento sinalizador do futuro, como um advérbio. Amanhã eu vou à escola.
2- Uso do presente para indicar ações habituais: Eu acordo e almoço cedo todos dias.
3 - Um outro caso indica expressão que tem sentido de tempo presente:
Verbo estar mais gerúndio: expressão comum na oralidade para indicar ação simultânea à fala. Estou trabalhando há muito tempo.
Com a classe, construa um pequeno texto que sintetize os vários usos do presente discutidos em classe. Caso o grupo tenha uma gramática indicada para estudo, leia com eles as observações a respeito do presente do Indicativo após a realização da síntese do grupo. Você pode também selecionar trechos de uma outra gramática para essa leitura.

Avaliação
Nessa aula, realize exercícios individuais para avaliar a aprendizagem dos alunos. Dê a eles vários provérbios acompanhados de um texto explicando o que são provérbios. Pergunte por que os provérbios são redigidos no presente e por que o texto em que são explicados também está no tempo presente.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)