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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Escola: a formadora de leitores


Neste nosso país tão continental, muitas vezes temos usos e pesos diversificados no trabalho com a literatura dentro da escola. Mesmo no trabalho voltado para a Educação Infantil e até o término do Ensino Fundamental temos estágios muito diferenciados nesse processo do uso da literatura. Sempre defendi a ideia de que o papel da escola é formar leitores. E para isso é preciso que ela seja eficiente no sentido de o professor exercer uma mediação afetiva em relação ao livro e à leitura. O trabalho com o livro, com a literatura, tem que ser um trabalho de aproximação e de diálogo. Não pode ser um trabalho de cobrança ou de atestar e/ou reproduzir determinadas coisas que não servem para nada.
A literatura tem que ser usada de uma forma lúdica, para encantar, para seduzir o leitor. E que ele tenha cada vez mais necessidade dessa literatura. Se eu me deparo na escola com obras que vão respondendo à minha necessidade de questionamento em relação ao mundo em que eu vivo e às questões que estou vivendo, cada vez mais vou me tornar poroso a essas obras e à necessidade de convivência com o livro.
O papel do(a) professor(a) e da escola é esse. Mas esse também é o papel da família e do Estado. Que as bibliotecas públicas sejam mais do que meros depósitos de livros, mas espaços culturais, espaços de convivência, de troca, espaços lúdicos. O grande barato da literatura dentro da escola é ela ser usada na forma da brincadeira. O livro é um brinquedo. O livro é também uma possibilidade de treinar nossos papéis no mundo, na forma do faz de conta, de uma forma lúdica.
Acho uma grande roubada retirar do currículo a possibilidade de conviver com a literatura, e acho que no bojo disso vêm todas as linguagens artísticas. Quando você mexe na possibilidade de tirar do espaço curricular essa convivência dos alunos com as artes, isso pode significar que passaremos a investir num sujeito cada vez mais racional e menos emocional.

Penso que incorremos exatamente no risco de privilegiar cada vez mais esse sujeito que não usa a sua emoção, que não abre a possibilidade para ver o mundo mediado pela fantasia. O que poderá ser de um sujeito que vive alijado dessa outra face da moeda, que é o seu lado humanitário, afetivo, emotivo? Portanto eu temo essa possibilidade.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração.
Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)