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domingo, 19 de agosto de 2012

Gramática com textos: 6º ano - subjuntivo e imperativo




Objetivos - Ampliar o conhecimento sobre os verbos; refletir sobre os modos verbais: subjuntivo e imperativo. 
Conteúdos Modos verbais - subjuntivo e imperativo 
Tempo estimado - Oito aulas 
Ano -6º ano 

Desenvolvimento 

1ª etapa 
Coloque no quadro a advertência presente em publicidades de bebidas alcoólicas: SE BEBER, NÃO DIRIJA. 
Aponte a existência dos dois verbos que indicam duas ações - beber e dirigir - e pergunte aos alunos qual a relação que o texto estabelece entre eles. Peça que a turma pense sobre o significado da advertência e anote a conclusão a que chegar no caderno. Ouça as respostas e faça a sua interferência. Reforce o caráter de incerteza presente em "se beber", apontando para uma possível ação futura no trecho, e o caráter de ordem presente no trecho final - não dirija - associado à condição inicial. Mostre à classe o papel representado pelo "se": ele estabelece a ligação entre os dois verbos, sugerindo a ideia de condição. 
Discuta a razão do caráter sintético da advertência: ele visa causar impacto. Diga aos alunos que os verbos beber e dirigir, no texto, pertencem, respectivamente, ao subjuntivo e ao imperativo. O primeiro sugere uma possibilidade, um evento que pode ou não se realizar. O segundo indica uma ordem. Na advertência, se o primeiro evento se realizar, ordena-se a não realização da segunda ação. 
Pergunte à classe em que gêneros textuais o modo imperativo aparece com frequência. Leve para a sala textos de diferentes gêneros como notícias, editoriais, horóscopo, boletim meteorológico, publicidade, receitas, regras de jogo e vá analisando com eles a possível ocorrência desse modo verbal em cada gênero. Solicite que os alunos escolham um desses gêneros e produzam um texto, usando verbos no imperativo.

2ª etapa 



Inicie o trabalho com a correção da tarefa proposta na aula anterior. 

Em seguida, leia o poema de José Paulo Paes.
Se essa rua fosse minha, 
eu mandava ladrilhar, 
não para automóvel matar gente, 
mas para criança brincar. 

Se esta mata fosse minha, 
eu não deixava derrubar. 
Se cortarem todas as árvores, 
Onde é que os pássaros vão morar? 

Se este rio fosse meu, 
eu não deixava poluir. 
Joguem esgotos noutra parte, 
que os peixes moram aqui. 

Se este mundo fosse meu, 
eu fazia tantas mudanças 
que ele seria um paraíso 
de bichos, plantas e crianças. 


PAES, José Paulo. Poemas Para Brincar. São Paulo: Ática, 2002.

Após a leitura, pergunte aos alunos se já conheciam o poema e se possuem alguma dúvida em relação ao seu conteúdo. Como é provável que façam alusão à cantiga popular, não perca a oportunidade de dizer a eles que as produções dos homens não nascem do nada, mas elas dialogam entre si. Nesse caso, fica evidente que o poeta buscou inspiração na cantiga popular, de autoria anônima. Peça que os alunos identificam, no poema de Paes, construções no modo subjuntivo e no modo imperativo. Lembre a eles que o subjuntivo vincula-se, de modo geral, a incertezas, possibilidades, hipóteses; e o imperativo liga-se a ordens, comandos, exortações, súplicas. 
Dê um tempo para que possam pensar, discutir em dupla e anotar os trechos no caderno. Inicie a releitura do poema. Peça que uma dupla leia uma estrofe e a analise. Mostre que a hipótese proposta pelo primeiro versa de cada estrofe (se essa rua fosse minha; se essa mata fosse minha, se esse rio fosse meu, se esse mundo fosse meu) completa-se na afirmação subsequente (eu mandava ladrilhar, eu não deixava derrubar, eu não deixava poluir, eu fazia tantas mudanças). A repetição dessas construções nos versos iniciais de cada estrofe cria um paralelismo, característica importante na construção poética. 

Não deixe de assinalar os versos Se cortarem todas as árvores, /Onde é que os pássaros vão morar? Neles, novamente, a ideia proposta pelo subjuntivo associa-se a outra. Embora as construções no passado predominem no poema, os dois versos remetem ao futuro. 

Para finalizar a aula, assinale que, na advertência e no poema de Paes, sugere-se a ideia de condição por meio da partícula "se". Pergunte, então, aos alunos se o tempo dos verbos modo subjuntivo nesses dois textos é o mesmo. Dê um tempo para que respondam a questão. Em Se beber não dirija, há a dimensão do futuro, a ação não ocorreu, mas pode acontecer a qualquer momento. No poema de Paes, os dois primeiros versos de cada estrofe indicam uma suposição anterior ao momento da enunciação. No poema, estão também no passado os verbos associados ao Subjuntivo - mandava, deixava, fazia. 

Veja se conseguiram identificar o uso do imperativo em Joguem esgotos noutra parte. Chame a atenção da classe para a mudança na pessoa - dirija (singular) e joguem (plural). 

3ª etapa 

Para essa aula, peça que os alunos tragam para a classe a gramática usada pelo grupo. Caso julgue necessário, escolha também trechos de outras gramáticas sobre os modos estudados nesse bloco de aulas. Leia com eles as abordagens relativas aos modos subjuntivo e imperativo. Faça uma síntese das caracterizações realizadas: anote-a no quadro e peça que os alunos a copiem. Consultem também os tempos simples do subjuntivo - presente, pretérito imperfeito e futuro. 
Anote essa divisão e escolha um verbo de cada conjugação para que copiem as 1a, 2a. e 3a. pessoas do singular e as 1ª, 2ª e 3ª pessoas do plural no caderno nos três tempos simples do subjuntivo. É importante também a observação da constituição dos imperativos afirmativo e negativo. Utilize os verbos já escolhidos para mostrar o paradigma do modo subjuntivo e realize um esquema da constituição do imperativo. Mostre aos alunos que, no imperativo afirmativo, o tu e o vós são formados a partir do tu e do vós do presente do indicativo sem o s final. As demais pessoas são formadas a partir do presente do subjuntivo. No caso do imperativo negativo, a conjugação de todas as pessoas é a mesma do presente do subjuntivo.

4ª etapa 
Inicie a aula apresentando aos alunos a crônica Meu ideal seria escrever, de Rubem Braga. Leia o texto para os alunos.

Meu ideal seria escrever...
Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse - "ai, meu Deus, que história mais engraçada!" E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria - "mas essa história é mesmo muito engraçada!". 
Que um casal que estivesse em casa mal humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má-vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos. 
Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse - e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse - "por favor, se comportem, que diabo! eu não gosto de prender ninguém!" E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês em Chicago - mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina". 
E quando todos me perguntassem - "mas de onde é que você tirou essa história?" - eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma história..."! 
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro. 
BRAGA, Rubem. As Melhores 200 Crônicas Escolhidas de Rubem Braga. Rio de Janeiro: Record, 1977.

Após a leitura do texto, verifique se o compreenderam e se possuem alguma questão sobre ele. Peça que os alunos sublinhem no texto o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo. Releia os trechos em que esse uso ocorre. Diga aos alunos que, como no caso do poema de José Paulo Paes, o uso do subjuntivo na crônica é acompanhado de outra forma verbal, o futuro do pretérito do modo indicativo. 
Explique a eles que essa correlação - pretérito imperfeito do subjuntivo com o futuro do pretérito do indicativo - é tida pelas gramáticas mais tradicionais como a correta. Muitas gramáticas não aceitam a combinação realizada no poema de Paes - pretérito imperfeito do subjuntivo e pretérito imperfeito do indicativo -, embora na fala do brasileiro ela seja usada com frequência. 
Proponha aos alunos duas atividades. 

1) A reescrita do primeiro e do terceiro parágrafos da crônica de Rubem Braga, alterando o futuro do pretérito do indicativo pelo presente do mesmo modo e o imperfeito do subjuntivo pelo presente do subjuntivo. Inicie a construção e peça que a continuem.

Exemplo

Texto original 
Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse...

Texto alterado 
Meu ideal é escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta ao ler minha história no jornal ria, ria tanto que chegue a chorar e diga ...
2) Após a reescrita desses dois parágrafos, os alunos devem escrever um terceiro parágrafo em que deem continuidade à crônica, expondo qual é o seu ideal. O parágrafo pode começar assim: 
Meu ideal é escrever uma história que ... 
Os alunos podem começar as atividades em classe e terminá-las em casa. 

5ª etapa 
Reserve uma etapa à correção da tarefa e à leitura do parágrafo construído pelos alunos. Diga aos alunos que nas duas aulas seguintes vocês analisarão o modo imperativo. 

6ª etapa 
Escolha um folheto de ampla divulgação. Um exemplo é este, explicando os modos de evitar a propagação da dengue.


GráticaLeia o texto do folheto. Veja se a hipótese que tinham sobre a finalidade dele comprovou-se ou não. Observe que, nesse caso, estabelecem-se as regras de comportamento no interior desse espaço e oferece-se uma justificativa para elas. O estabelecimento das regras ocorreu, no caso desse prospecto, pelo advérbio de negação - não - acompanhado do infinitivo. O infinitivo não flexionado coloca uma ordem que é válida para qualquer pessoa e tal como é usado assume características do imperativo. 
Proponha aos alunos que reescrevam as ordens do folheto, substituindo o infinitivo pela forma correspondente do verbo no imperativo. Antes do início da realização do exercício, analise com eles a pessoa que deverão escolher - segunda ou terceira do singular. O uso do infinitivo possui como intuito apagar a pessoa do discurso para quem as ordens são dadas, mas pergunte aos alunos se em algum momento do texto há indícios da pessoa utilizada. Peça que releiam o texto e observem se encontram alguma marca dessa pessoa. Peça que discutam com um colega. Analise o texto anterior às regras. Nele encontra-se o pronome sua: esse remete à terceira pessoa do singular. Peça então que reescrevam o texto usando os verbos adequados. Durante a execução do trabalho, é interessante que tenham o caderno e a gramática disponíveis para consulta e resolução de eventuais dúvidas a respeito da conjugação verbal. Faça a correção da atividade. 
Como atividade para casa, solicite que pesquisem em revistas ou jornais a presença do modo imperativo em propagandas direcionadas ao público infantil. Peça que copiem no caderno três frases em que esse uso ocorra. Peça também que elaborem uma pequena explicação para esse uso. 

Avaliação
Proponha aos alunos que em trios elaborem um folheto explicitando o comportamento a ser adotado pelos usuários no interior da biblioteca da escola ou do município. A redação das regras deve utilizar o modo imperativo na terceira pessoa do singular - você.

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professores apaixonados

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo.
Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria.
Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados.
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Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro.
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A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável.
* Gabriel Perissé é Mestre em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP e doutor em Filosofia da Educação e doutorando em Pedagogia pela USP; é autor dos livros "Ler, pensar e escrever" (Ed. Arte e Ciência); "O leitor criativo" (Omega Editora); "Palavra e origens" (Editora Mandruvá); "O professor do futuro (Thex Editora). É Fundador da ONG Projeto Literário Mosaico ; É editor da Revista Internacional Videtur -Letras (www.hottopos.com/vdletras3/index.htm); é professor universitário, coordenador-geral da ong literária Projeto Literário Mosaico: www.escoladeescritores.org.br)